A fornecedora japonesa Nec anunciou nesta quarta-feira, 11, em São Paulo, parceria com a empresa israelense de defesa cibernética Cybereason para oferecer soluções e serviços avançados de segurança cibernética e automação desses processos no Brasil. Com esse acordo, que agrega as novas soluções de segurança ao portfólio da fornecedora, a Nec espera uma receita de US$ 5 a US$ 10 milhões para o próximo ano no País, com foco especialmente em grandes empresas.
Para o co-fundador e CEO da Cybereason, Lior Div, um dos pontos chave para a estratégia de segurança será a chegada do 5G. Div entende que o problema não é a tecnologia em si, mas a escala da Internet das Coisas. "Por definição, vai permitir se conectar mais coisas. Se tem mais coisas conectadas, mais serão vulneráveis", declara. "O protocolo GSM do 5G é mais seguro, é muito bom, criptografado e robusto. Mas não é esse o problema. O problema é ter mais coisas conectadas", reforça.
Embora isso possa soar preocupante, Div avalia que a quinta geração é o futuro, e que novas tecnologias ainda deverão chegar para deixar o mundo cada vez mais conectados. "Eu criei a Cybereason porque o mundo está mais conectado, mas o governo não consegue proteger", declara, relatando burocracia e regras que impedem o Estado de ter agilidade. "Como empresa privada, quando alguém me contrata, eu posso pedir todos os dados e proteger", afirma.
O momento para a parceria da companhia israelense com a subsidiária brasileira da Nec faz sentido por ser um período em que a curva de maturidade do mercado brasileiro vai começar a subir com a chegada da Lei Geral de Proteção dos Dados Pessoais (LGPD). Ele explica que nos EUA, a mentalidade já é de ser necessário ir além da adequação (compliance), mas que aqui as empresas ainda não se adequaram justamente pela falta da legislação. "Vão começar a fazer isso com a LGPD, e eu acredito que vai impulsionar isso", disse ele em conversa com jornalistas.
Lior Div acredita que a LGPD vai permitir um foco maior na segurança, e que permitirá às organizações passarem de modelo reativo, com soluções padrão como firewall e antivírus, para a abordagem proativa, no que ele chama de "caçada" aos hackers. A Cybereason atua com esse modelo e com espécies de whitehats – ou seja, "hackers do bem". O executivo também entende que o Brasil terá mão de obra especializada para isso "de forma muito rápida".
"A solução é voltada para a segurança de endpoints, como servidores na cloud, computadores e celulares", explica o vice-presidente de segurança da Nec no Brasil, Rogério Reis. Esse "ponto final" também pode ser um objeto conectado, como de Internet das Coisas. "O malware é usado em praticamente 100% dos ataques. A solução da Cybereason é justamente para não deixar que o malware seja executado na máquina". O software faz isso com um truque permitido com automatização: ele finge que está permitindo a um ramsonware, por exemplo, criptografar os dados de um servidor para que o hacker pessoa um "resgate" desses arquivos. Fingindo que o ataque deu certo, a plataforma consegue então monitorar e encontrar os autores. Tudo sem prejuízo às empresas.