A Oi espera ansiosamente a conclusão da venda do controle da V.tal (antes conhecida como InfraCo) para fundos geridos pelo BTG Pactual. Além de poder obter os recursos para aplacar a dívida líquida, a empresa espera contar com uma pressão menor nas margens e no caixa e assim executar o turnaround do negócio. Até por isso, a ideia é a de acelerar o plano estratégico da companhia de infraestrutura.
A operação já foi aprovada pelo Cade, mas aguarda a anuência prévia da Anatel. Enquanto isso não acontece, a Oi espera poder adiantar o cronograma estratégico da nova companhia. "Estamos discutindo com a V.tal a antecipação do plano original e vendo para acelerar isso, já começando em 2022", declarou o presidente da tele, Rodrigo Abreu, em teleconferência de resultados do trimestre nesta quinta-feira, 11. A antiga InfraCo já opera de forma independente da Oi, assumindo toda a divisão de atacado da operadora.
Pelo menos no momento, a V.tal tem como meta chegar a 32 milhões de casas passadas (HPs) até 2025, chegando a 2,3 mil cidades com FTTH. O investimento previsto é de R$ 30 bilhões. Segundo o executivo, a Oi ultrapassou nesta semana a marca de 14 milhões de HPs. A marca no trimestre foi de 13,5 milhões de casas passadas.
A Oi espera que o 5G também proporcione a execução desse plano. "O Brasil está indo para o 5G e vai precisar de muita fibra. Acreditamos que a V.tal poderá ser uma vencedora significativa [neste mercado]."
Impacto
Para o executivo, a margem EBITDA (que no trimestre foi de 30,9%) deverá aumentar significativamente uma vez que a operação da venda do controle da InfraCo seja concluída. Isso porque a Nova Oi terá uma pressão menor do Capex, agora dividido com o controlador (fundos geridos pelo BTG Pactual), enquanto o potencial de crescimento na V.tal também significa mais valor para a Oi.
Os custos associados com a aceleração da fibra, afirma Abreu, serão suavizados por conta disso. A empresa terá financiamento adicional, o que "era esperado", segundo Abreu. "Mas temos feito isso para ter um nível adequado de caixa. Tivemos uma redução pequena no Capex, ainda com foco na fibra", coloca.
De acordo com o presidente da companhia, segregando a margem apenas do negócio principal, como a fibra, a margem EBITDA sobe para perto de 20% em 2024, ultrapassando essa margem em 2025.
"Obviamente, nos negócios legados vamos ver um recuo de margem, não só pelas receitas. Teremos os custos reduzidos, mas infelizmente não é de imediato, não dá para simplesmente desconectar [o cobre]", afirma Abreu. Segundo o executivo, serão dois anos ainda executando esse processo de descomissionamento da rede.
A redução de custos de operação dos serviços baseados nas redes de par trançado também está associada ao lado regulatório, com a migração da concessão prevista para acontecer somente ao final de 2022 ou começo de 2023, conforme explicou o presidente da empresa. A expectativa, contudo, é que a arbitragem com a Anatel resulte em um saldo positivo pós-migração, ainda que o valor total não possa ser adiantado no estágio atual do processo.
Enquanto a conclusão da operação (e da venda da Oi Móvel) não sai, estará mantida a previsão do fim da recuperação judicial em março de 2022. A intenção do Juízo da 7ª Vara Empresarial, segundo o executivo, é que o fim do processo aguarde a alienação dos ativos. "Vendo como estamos hoje, achamos que em março é possível. Mas no caso de haver algum atraso, isso será considerado pelo juiz e poderia ter algum espaço", afirma.