Apenas oito países na América Latina já destinaram a faixa de 3,5 GHz para o uso de serviço móvel (IMT), especialmente para o 5G. Segundo a associação global de operadoras móveis GSMA em relatório (clique aqui para baixar em inglês) divulgado nesta quarta-feira, 11, há contudo diferentes desafios em cada caso. O caso brasileiro, como é de se esperar, é um destaque por conta da interferência nas aplicações da banda C na TV parabólica (TVRO) e pela fragmentação dos blocos sugeridos para o leilão da Anatel. Por isso, o País está fora dessa lista do 5G, pelo menos por enquanto.
Conforme mostra o quadro abaixo, a maioria dos países tem parte dessa faixa dedicada a usuário de serviço fixo de satélite (FSS, na sigla em inglês). No Brasil, de acordo com a entidade (citando informações de órgãos reguladores), há 340 estações entre na faixa de 3,3-3,4 GHz; 656 estações em 3,4-3,6 GHz; todo o ecossistema de TVRO em 3.625-3.800 MHz; mais de 800 estações em 3,7-3,8 GHz; e mais de 4,2 mil estações de 3,8-4,2 GHz.
O relatório ainda coloca o planejamento da Anatel de dedicar um bloco regional de 60 MHz além de dois de 100 MHz e um de 80 MHz para cobertura nacional (a área técnica está sugerindo agora cinco blocos de 80 MHz). "Pesquisa em andamento da Anatel e operadoras já concluiu que ambos os sistemas (IMT e TVRO) podem coexistir com uma aplicação de filtros e limitações. Melhores filtros são esperados em breve". A GSMA diz que um cenário desafiador para a faixa adjacente ainda está sendo analisado em estudos, mas com "grandes resultados esperados de novos filtros".
Entre os principais desafios para o Brasil, a associação cita:
- Estudos e avaliação para a "possibilidade de migração das famílias de baixa renda dependentes do TVRO para uma faixa mais alta e/ou provisões explícitas, incluindo filtros";
- Acordos de sincronização entre todos os vencedores do leilão serão "altamente necessários" por conta da destinação regional;
- Aumento de alocação de espectro e atualização para bandas identificadas para o IMT.
Neste último quesito, a GSMA entende que o Brasil deve atualizar a tabela de frequências para incluir as novas faixas e colocar no leilão, além de também "considerar para identificação" a faixa de 3,6-3,7 GHz para a próxima conferência mundial de radiofrequências (WRC-23).
Comparativo
Dos 11 países consultados, apenas três ainda não limparam espectro nessa faixa: Brasil, Argentina e Guatemala. Com diferentes níveis de quantidade disponível (de 100 MHz até 400 MHz) para o serviço móvel, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, México, Peru e Uruguai já garantiram a frequência para o 5G.
Considerando as alocações atuais da faixa de 3,5 GHz para SMP, o Brasil aparece com 300 MHz (3,3-3,6 GHz), embora cite os planos de destinar 400 MHz no leilão do 5G. Em comparação, Chile, Colômbia, Equador e Uruguai dedicaram toda a faixa até 4,2 GHz. Já a Argentina não tem nenhuma banda nessa faixa para serviços móveis.