Países emergentes podem liderar em inovação de serviços e tecnologias

Em todas as áreas da economia mundial, a atuação e o desempenho de alguns países emergentes, notadamente China, Índia e Brasil, têm sido considerados indicativos de que a geopolítica mundial definitivamente não é mais a mesma. Na área de telecomunicações, essa percepção já vem de alguns anos, desde que se começou a projetar onde seria o crescimento dos próximos dois bilhões de clientes. Mas agora, começa-se a falar também no papel dos países emergentes como determinantes não apenas no crescimento das telecomunicações, mas também na inovação dos serviços e tecnologias. Essa foi a principal mensagem do Accenture Global Convergence Forum 2009, que acontece esta semana em Nova Deli, Índia.
Empresas de tecnologia e operadoras que participaram das discussões ponderaram que, em função das especificidades desses mercados, aliadas ao potencial de crescimento que não pode ser desperdiçado, cada vez mais serão observadas inovações vindas dessas realidades. Exemplo como modelo de cobrança é o indiano, baseado em um centavo (da Rúpia indiana) por segundo, passando pelo desenvolvimento do carro popular Tata Nano, de US$ 2 mil, até os celulares Nokia produzidos especialmente para as demandas de conectividade 3G e design peculiares da China são apontados como exemplos daquilo que nasce para atender a realidades específicas dos países mas que deve ser exportado para outros mercados, inclusive para países desenvolvidos.
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Para Martin Cole, principal executivo da Accenture para a área de comunicação e alta tecnologia, o fato de países como Brasil, Índia e China terem saído da crise econômica muito antes dos países desenvolvidos, aliado ao fato de que é desses países que virão as maiores demandas por serviços de telecomunicações nos próximos anos, indica que serão os países emergentes a determinar o ritmo e o caminho de desenvolvimento das próximas inovações na área de telecomunicações e TI. "Os modelos de venda nesses mercados, por exemplo, são diferentes nesses países. As vendas são feitas em quiosques, não apenas em grandes lojas de departamento. Fabricantes e operadoras precisam, muitas vezes, levar seus produtos para onde estão as pessoas. Esse modelo é diferente do que vemos em países desenvolvidos", disse o executivo. Para ele, há um bilhão de novos consumidores que estão buscando novos produtos. "É preciso encontrar novas formas de atender ao próximo bilhão de clientes, e a maior parte dessa demanda virá de mercados emergentes, onde mais de 2 bilhões de pessoas entrarão na classe média nos próximos anos e irão, portanto, consumir". Ele usa a expressão "Glocalization" para definir a dinâmica de desenvolvimento de produtos e serviços que nascem em âmbito local e depois ganham escala global.
A Cisco avalia na mesma linha o mercado criado pelos emergentes e lembra que com a "industrialização da Internet", ou seja, a tendência de que dispositivos passem a se conectar à rede IP e se falar entre si, esse potencial dos mercados emergentes cresce ainda mais.
Para Wim Elfrim, Chief Global Officer da Cisco, responsável pela estratégia de atuação global da empresa, não se pode ignorar que existe ainda, nesses mercados emergentes, sobretudo na Índia e na China, um forte fluxo migratório do campo para as cidades da ordem de 500 milhões de pessoas nos próximos anos, e que isso também ajudará a impulsionar as demandas por tecnologias e serviços. Mas ele lembra também que as receitas tendem a decair enormemente. Para se ter uma idéia, a receita média por usuário nos EUA é de cerca de US$ 50, e na Índia é de R$ 5. "Nesse cenário, escala é fundamental".

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