Mesmo com tecnologia, desafio da Índia é, ainda, o da inclusão social

A Índia é frequentemente vista e referida como um dos maiores mercados potenciais para qualquer coisa, e regularmente colocada como comparação de crescimento para países como o Brasil, por exemplo. O que poucos mencionam é que a Índia, se de um lado tem grande potencial econômico e de crescimento, por outro tem desafios básicos ainda maiores a cumprir para se equiparar aos demais emergentes em termos de desenvolvimento socio-econômico. Quem expõe essa realidade é Sam Patroda, um dos principais assessores para a área de comunicação do governo indiano e responsável por grande parte das políticas de TI e telecom adotadas nos últimos anos.
Pitroda lembra que, no passado a Índia acertou ao pensar em educação voltada para alta tecnologia. "Tivemos uma grande evolução que garantiu nosso crescimento. Mas ainda não tivemos inclusão social. A Índia tem 300 milhões de analfabetos, 400 milhões sob a linha de pobreza, 25 milhões de indianos e descendentes vivendo fora da Índia e 500 milhões de pessoas com menos de 25 anos no país, jovens estes que estão procriando a uma velocidade de uma Austrália por ano. Ele relembra que a Índia foi um país em que se levava 15 anos para se ter uma linha, "mas para meu espanto, logo chegaremos a 800 milhões de telefones".
Prioridades

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Governança, serviços públicos e governo eletrônico são as prioridades das políticas do país a partir de agora, segundo Pitroda. A índia está adotando algumas estratégias para isso.
Uma é utilizar os 40 mil km de fibras disponíveis ao longo das redes de ferrovias, muito comuns na Índia, e também investimentos diretos, da ordem de US$ 2 bilhões, para levar conectividade onde há falta de infraestrutura de telecomunicações.
"O desafio que temos na Índia é muito maior, mas é da mesma natureza do desafio que existe no Brasil ou China", disse a esse noticiário. Ele criticou também a hegemonia norte americana na apresentação de modelos para o setor. "O modelo imposo pelos EUA no pós guerra está mudando. Mas os próximos 3 bilhões de consumidores estão vindo com outra mentalidade. As 300 milhões de pessoas que exauriram os recursos naturais não mais dão as cartas", disse em tom crítico. Pitroda participou do Accenture Global Convergence Forum, em Nova Deli, Índia.

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