Scala anuncia investimento de R$ 3 bilhões em data center no RS

Marcos Peigo, da Scala. Foto: Mauricio Tonetto / Palácio Piratini

A Scala assinou nesta quarta-feira, 11, um protocolo de intenções para novos investimentos em data centers no Rio Grande do Sul. O primeiro movimento é o aporte de cerca de R$ 3 bilhões para a construção de um data center na cidade de Eldorado do Sul, na região metropolitana.

Denominado "Scala AI City", o site fica a uma distância de apenas 32 quilômetros da capital Porto Alegre e terá uma capacidade de até 54 MegaWatts (MW), visando atender a demanda de grande consumo de dados a partir de Inteligência Artificial (IA) e dos hyperscales.

Com a unidade, o objetivo da companhia é atender o eixo sul do continente sul-americano. Hoje, a empresa já conta com um data center em Porto Alegre com capacidade de 4,8 MW. A nova unidade, portanto, deve complementar a capacidade da capital. A Scala trabalha com um prazo de até dois anos para que a primeira etapa do projeto seja concluída e clientes possam utilizar a unidade. 

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"A gente sabia que esse data center [de Porto Alegre] nunca ia ser suficiente para a onda de demanda de computação que ia chegar, em uma área absolutamente urbana", diz Marcos Peigo, CEO e cofundador da Scala. "Com toda a densidade de conectividade feita em Porto Alegre, a gente tem um potencial de expansão para as próximas décadas em Eldorado."

A localização da cidades é considerada estratégica também por conta da disponibilidade energética e da possibilidade de entregar soluções com baixa latência, com indicador "quase imperceptível" em interligação com a capital Porto Alegre. 

Além disso, Peigo explica que o novo data center poderá dar início a uma espécie de hub de centro de dados"A conectividade marítima passa hoje por Rio de Janeiro, São Paulo e vai até a Argentina. A gente tem a oportunidade de capturar no meio desse percurso essa conexão", afirma.

A empreitada faz parte de um plano mais amplo de investimentos da Scala no País. Em agosto, a companhia anunciou um investimento de R$ 6,5 bilhões no complexo de data centers em Barueri (SP), no Campus Tamboré, após R$ 4,5 bilhões no mesmo site. Ao todo, serão R$ 32 bilhões apenas para o Estado de São Paulo.

Neste sentido, a empresa está capitalizada. No final do mês passado, a Scala havia levantado R$ 1,37 bilhão em debêntures verdes. Até então, a companhia já havia emitido R$ 4,4 bilhões nesta modalidade de dívida. A Scala tem como controladora a DigitalBridge, que também controla a operadora de torres Highline. 

Eficiência energética

Uma das principais preocupações das empresas com novos data centers é com a estruturação de uma rede de energia para suprir as necessidades de consumo de dados. 

Sobre isso, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que 27 projetos de geração de energia eólica off-shore aguardam o processo de regulamentação para avançar na região. Atualmente, 85% da matriz energética do Estado é oriunda de fontes renováveis, acrescentou.

Leite acredita que o empreendimento da Scala pode, também, impulsionar iniciativas na área energética. "Como há uma interligação no sistema nacional, isso pode ajudar a desenvolver projetos de energia em muitos lugares. Não é um projeto somente, claro; o Brasil buscará aproveitar o local", afirmou o governador.

"Esse investimento, na verdade, se aproveita de algo já existente. Mas ele também habilita novos investimentos com os efeitos na geração, especialmente. Para ter os projetos de energia que o setor fala muito, já vencemos as licenças e as demandas de produção", completa Leite.

Negócio com a Serena

Em paralelo, também foi publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira, 11, a aprovação sem restrições pelo Cade de um negócio entre a Scala e a Serena (antiga Omega Energia).

A operação consiste na aquisição, pela Scala, de participações societárias nas sociedades de propósito específico Assuruá 4 Subholding II Energia e VDB F3 Geração de Energia, de propriedade da Serena.

O objetivo é implementar, de maneira conjunta, projetos de geração de energia elétrica de fonte eólica localizados no Estado da Bahia. Assim, a Scala terá uma parcela de consumo da energia gerada sob regime de autoprodução.

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