A União Europeia (UE) deve encorajar o desenvolvimento do setor de satélites no bloco, além das discussões relacionadas ao fair share – compartilhamento dos custos de infraestrutura entre operadoras e big techs. A sinalização se deu por meio de um relatório do bloco, que também defendeu a consolidação do setor de telecom.
Já a segunda parte do material afirma que a União Europeia ainda precisa avançar na área de conectividade satelital, especialmente no que tange constelações de baixa órbita (LEO), consideradas estratégicas para a soberania tecnológica da UE. O relatório alertou que os players dos Estados Unidos estão dominando o mercado, em detrimento dos europeus.
De acordo com o relatório encomendado pela Comissão Europeia ao ex-premiê italiano Mario Draghi, as empresas do bloco estão "praticamente ausentes" no segmento de LEO. Além disso, os operadores tradicionais de MEO e GEO da Europa (como a SES, Eutelsat e Hipasat, citadas nominalmente) seriam "incapazes de competir com a velocidade oferecida por empresas dos Estados Unidos como a Starlink, que está anos à frente", diz o texto.
O domínio norte-americano mencionado no relatório também impõe desafios adicionais em segmentos como Internet das Coisas (IoT) e para cobertura de áreas remotas. Dessa forma, haveria a necessidade de maior financiamento para que a Europa consiga competir nesse mercado, inclusive com estímulo para fornecedores da cadeia.
A Europa também estaria se mexendo para recuperar esse terreno. O programa IRIS2, por exemplo, foi lançado em 2022 e pretende desenvolver uma constelação de 100 a 200 satélites para criar uma "rede segura para governos, protegida por criptografia quântica".
Fair share
Já com relação ao fair share, o relatório propõe encorajar acordos entre grandes plataformas e donos da infraestrutura de telecomunicações. A Comissão Europeia já defendeu a abordagem em outras ocasiões.
A nova recomendação é de que as companhias que possuem a infraestrutura (como operadoras de serviços de telecom) e grandes plataformas que usam essa infraestrutura (as big techs) devam negociar, entre si, sobre como dividir custos de uso e manutenção.
No entanto, caso essas mesmas empresas não cheguem a um acordo, as autoridades de concorrência da União Europeia poderiam intervir. Ou seja, decidindo quais seriam as condições adotadas por essas empresas. O relatório de Draghi não dá maiores detalhes sobre como funcionaria a abordagem.