Com o início do lançamento do 5G nas capitais, a Claro está preparando ofertas baseadas no recursos que devem chegar ao mercado dentro dos próximos dois meses. Com a tecnologia assumindo papel central na estratégia comercial, uma espécie de ajuste de expectativas por parte do cliente também é visto como necessário.
O dilema foi abordado pelo presidente da empresa no Brasil, José Félix, durante seminário 5G realizado pelo Ministério das Comunicações (MCom) nesta segunda-feira, 11. Na ocasião, o executivo apontou que o roll out inicial da tecnologia está sendo mais veloz que o previsto pela indústria e que "neste ritmo", as metas editalícias do leilão poderão ser cumpridas na integralidade antes mesmo de 2029.
No curto prazo, a empresa já estaria trabalhando no lançamento de ofertas ancoradas no novo padrão, relatou Félix a jornalistas. "Não sabemos ainda como a população vai receber o 5G e que tipo de aplicação justifica pagar um pouco mais, mas nos próximos dois meses, no máximo, vamos começar a sair com novidades que façam sentido para consumidor".
A preocupação do CEO, contudo, é com uma expectativa exacerbada de consumidores que já esperam a tecnologia em seu estado da arte. "As promessas são muito grandes: máquinas se falando, carros sem motorista, operar com o melhor cirurgião dos Estados Unidos estando no Brasil… Se criou um nível de expectativa muito diferente do que foi no passado da telefonia móvel, antes focada em velocidade e cobertura".
Segundo Félix, é justamente uma velocidade bem maior que será o primeiro benefício percebido pelo cliente, com indicadores de download chegando à casa do 1 Gbps. Como casos de uso mais inovadores devem depender da evolução na camada de aplicações (assim como ocorreu no 4G), a tarefa atual das teles seria a de "educar" não apenas clientes sobre as possibilidade iniciais do 5G, mas também a força de trabalho.
"Recebemos as perguntas mais inesperadas de todas as direções, e algumas são difíceis de responder: se é SA, NSA, se vai pegar o 3,5 GHz, se tem que trocar de chip… Também temos que treinar as pessoas [colaboradoras] para que saibam responder de uma forma simples". Segundo Félix, o esforço também deve passar por empresas instaladoras de rede, além da força comercial.
Logística
Durante o seminário, o CEO da Claro comemorou que "a questão de logística esteja começando a ficar mais normalizada no mundo", representando uma "ótima notícia" para quem tem que implementar redes.
No momento, fatores como a crise mundial de escassez de semicondutores têm afetado de alguma forma a operação da empresa. "Às vezes você quer um rádio ou determinado equipamento e só [tem disponível] no outro trimestre, ou até mesmo em 2023", relatou José Félix a jornalistas.
Já em relação aos smartphones, o executivo mostrou certo otimismo. O CEO da Claro apontou que mesmo aparelhos mais baratos com 5G vendidos por cerca de R$ 1,2 mil ainda são caros para boa parte da população, mas projetou queda nos preços em ritmo mais rápido que o vivenciado na transição do 3G para o 4G.