Controladora da Nextel considera pedir recuperação judicial

Após mais um trimestre de crescente prejuízo, a NII Holdings, controladora da Nextel Brasil, reconheceu que não está mais conseguindo se sustentar, apesar de medidas para enxugar gastos e melhorar as finanças nos últimos trimestres. A companhia anunciou nesta segunda-feira, 11, em seu balanço financeiro referente ao segundo trimestre, que pode acabar pedindo recuperação judicial (concordata) se não conseguir renegociar os termos das dívidas que possui com credores, especialmente no Brasil. A dívida líquida da companhia no dia 30 de junho estava em US$ 4,751 bilhões.

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No processo de recuperação judicial (Chapter 11 nos Estados Unidos), a companhia tenta renegociar as dívidas, inclusive revendo valores e datas de pagamento. Se ainda assim falhar em honrar seus compromissos, a companhia poderá ir à falência (Chapter 7 nos EUA).

A companhia afirma que está em discussões com credores para atender aos requisitos financeiros e de liquidez, mas não será uma tarefa fácil. Em junho, a companhia possuía US$ 443,1 milhões em empréstimos abertos com bancos locais no Brasil. "Com nossa posição líquida atual e as demandas de caixa em nossos negócios, essas iniciativas (operacionais) não vão ser suficientes para permitir à companhia continuar a operar a menos que consigamos reestruturar nossas obrigações de débito, encontrar uma solução estratégica ou alguma combinação dessas duas abordagens", disse o CEO da Nii, Steve Shindler, no comunicado – a empresa evitou fazer a teleconferência para o mercado com seu resultado trimestral.

No entanto, há mais detalhes no formulário 10-Q, documento enviado à comissão de valores mobiliários norte-americana, a SEC. "Atualmente, não entramos em nenhum acordo relacionado a transações estratégicas em potencial ou qualquer reestruturação em potencial de nossas obrigações", afirma. Assim, a NII acredita que deverá entrar com pedido de recuperação judicial mesmo no caso de não conseguirem chegar a um acordo com credores ou partes relevantes. "Em todo o caso, tal procedimento poderia ser iniciado em um futuro muito próximo", diz a empresa.

A NII Holdings não chega a falar claramente em venda de uma ou de ambas as operações do Brasil e do México (que juntas são responsáveis por 87% das receitas operacionais totais), mas não descarta "opções estratégicas para esses mercados como parcerias, acordos de serviços e vendas de ativos". A Nextel Brasil é atualmente a maior operação do grupo norte-americano, sendo responsável por 49% das receitas operacionais e 45% da base total.

Caso a empresa não consiga renegociar os empréstimos no Brasil até a sexta-feira, 15, ou as renúncias com financiamentos até 31 de dezembro, o processo de default ou aceleração de dívida poderá ocorrer. Assim, os donos de 25% das senior notes emitidas pela NII terão o direito de pedir o repagamento imediato dessas debêntures. Em 30 de junho, havia aproximadamente US$ 4,4 bilhões em sênior notes preferenciais.

Reestruturação

De uma forma ou de outra, a NII precisa urgentemente se reestruturar, e isso significará também demissões. Estrategicamente, a companhia planeja continuar cortando custos, reorganizando a equipe nas sedes, o que incluirá redução imediata do quadro de funcionários nas operações, com previsão para mais cortes futuros. "Vamos continuar a avaliar nossas operações e podemos continuar a realinhar e reduzir ainda mais pessoal nos próximos meses enquanto procuramos alinhar melhor nossos custos e estrutura organizacional com nossa estratégia de crescimento e melhora de nossos resultados financeiros e operacionais".

A empresa espera continuar aumentando a base no ano, gerando mais receita e expandindo a cobertura WCDMA nos mercados-chave do Brasil e do México. No mercado brasileiro em particular, a companhia considera utilizar os 15 MHz que possui na faixa de 800 MHz atualmente com a tecnologia iDEN para prover serviços de LTE no caso de "certos requerimentos técnicos, operacionais e regulatórios" possam ser atendidos (como disponibilidade de rede compatível e de aparelhos entre usuários).

NII Holdings

O prejuízo operacional da NII aumentou mais de cinco vezes e fechou o trimestre em US$ 504,4 milhões. No semestre, o impacto foi de 360,3% de aumento no prejuízo, totalizando US$ 743,5 milhões. O prejuízo líquido cresceu 57,24% e fechou o trimestre em US$ 623,3 milhões. No semestre, o prejuízo foi de US$ 999,4 milhões, aumento de 65,5%.

A receita recuou 23,09% e 25,15% respectivamente no trimestre (US$ 968,8 milhões) e no semestre (US$ 1,939 bilhão). A receita média por usuário (ARPU) da companhia diminuiu US$ 8 e fechou o trimestre em US$ 28.

Isso inclui a perda de 77 mil acessos na base total da empresa, que agora é de 9,361 milhões de conexões. Dessas, 6,376 milhões são iDEN e 2,984 milhões são de WCDMA (3G). O churn no rádio é de 3,91%, aumento de 1,17 pontos percentuais (p.p.), e no 3G é de 2,08% (aumento de 0,33 p.p.). A taxa de churn aumentou 0,72 p.p. e fechou o período em 3,39%.

Nextel Brasil

A receita da Nextel Brasil fechou o trimestre com US$ 479,4 milhões, recuo de 17,14%. No semestre, o acumulado foi de US$ 1,214 bilhão, queda de 22,55%. O aumento de 159,8% na receita com vendas de handsets no trimestre (total de US$ 50,4 milhões) apenas aliviou o recuo na receita com serviços, que caiu 23,28%, totalizando US$ 429 milhões no segundo trimestre. No acumulado do semestre, a queda em serviços foi de 27,31%, totalizando US$ 854,7 milhões.

A empresa acabou registrando prejuízo de US$ 56,2 milhões no trimestre, contra lucro de US$ 107,3 milhões no 2T13. No semestre, o prejuízo já é de US$ 85,3 milhões, ante um lucro de US$ 265 milhões no semestre passado.

Números operacionais

A base brasileira de usuários iDEN diminuiu 16,6% e agora é de 3,137 milhões de acessos. Já a de WCDMA aumentou cerca de dez vezes em relação a 2013 e agora é de 1,050 milhão de acessos. Dessa forma, a empresa acabou adicionando mais linhas 3G do que perdeu na rede iDEN – segundo a Nextel, houve 142,8 mil migrações entre tecnologias. Em adições líquidas, o WCDMA somou 234 mil acessos no trimestre, contra 175,1 mil desconexões no rádio – total de 58,9 mil adições líquidas.

O churn (taxa de fuga de clientes) de usuários da empresa cresceu 0,11 p.p., totalizando 2,81% ao final de junho. O churn do usuário iDEN foi de 3,05%, aumento de 0,29 p.p., enquanto o da rede 3G foi de 1,86%, crescimento de 1,31 p.p. em relação ao segundo trimestre de 2013.

A ARPU caiu mais de 30% (ou US$ 13) e agora está em US$ 30.

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