Não é novidade que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) tem demandado uma série de adaptações por parte de companhias de todos os portes e setores. Na Algar Telecom, começamos esse percurso no início de 2019 e hoje, com a jornada de adequação à lei concluída desde setembro de 2020, posso afirmar que uma das principais lições aprendidas é: a LGPD é um caminho que passa inevitavelmente por tecnologia e processos, mas que envolve, acima de tudo, pessoas e uma mudança cultural das empresas e de toda sociedade. Todos precisam compreender que, basicamente, a lógica do mundo será outra a partir de agora.
De fato, são muitas e por vezes complexas as etapas necessárias para cumprir a nova legislação. É um processo de evolução contínua, de atenção e aprendizado diários – e que não se sustenta por si só se não compreendermos a importância das pessoas. Negligenciar que essa mudança envolve prioritariamente "gente" pode, sem dúvida alguma, colocar as empresas em risco. Por isso, é preciso dedicar grande parte do tempo e dos recursos em capacitação e conscientização. Trabalhar todas as questões técnicas vinculadas à LGPD é fundamental, assim como o que se espera de cada indivíduo em mudança de comportamento.
Frente a essa necessidade, desenvolvemos uma série de conteúdos para abordar os principais temas da nova legislação e engajar nossos colaboradores. Ao final, conseguimos chegar a quase 100% dos associados (como chamamos os nossos colaboradores) ativos treinados nos quesitos básicos da LGPD, inclusive com materiais diferenciados conforme o escopo e a abrangência de cada função dentro da empresa e os seus impactos na privacidade de dados pessoais.
Porém, reforço que, quando se trata de LGPD, não basta pensar apenas dentro de casa. As adequações tecnológicas e processuais, assim como a mudança cultural, devem alcançar também todos os fornecedores e parceiros que lidam com os dados da empresa. É claro que mudar nunca é fácil. A jornada de adequação à LGPD é sim longa, complexa e exige grandes investimentos por parte de uma empresa de grande porte, principalmente quando se coloca o compromisso de ir além do que o cliente espera e a lei solicita. Mas certamente é muito mais fácil quando temos fortalecidos valores, propósito e uma cultura de transparência, com pessoas informadas e genuinamente engajadas com o processo. Sem isso, de nada adianta apostar em novos processos e tecnologias.
*-Sobre o autor – Tulio Abi-Saber vice-presidente de Finanças, Relações com Investidores e Jurídico da Algar Telecom. As opiniões manifestadas neste artigo não representam necessariamente as posições de Teletime.