Escolha entre 5G e Wi-Fi 6 vai depender do espectro, diz Cisco

Com similaridades no aumento da capacidade de banda e no desempenho da latência, a escolha entre o Wi-Fi 6 (nome comercial do padrão 802.11 ax) e o 5G deverá se dar de acordo com as aplicações. Esta é a visão do CEO e chairman da Cisco, Chuck Robbins. "A decisão vai depender do espectro e da qualidade do sinal [na aplicação]", explicou ele durante entrevista coletiva na Cisco Live, evento que acontece nesta semana em San Diego, nos Estados Unidos.

O sênior vice-presidente de produtos da Cisco, Sachin Gupta, lembra que há mais semelhanças entre as tecnologias: a promessa é que ambas tragam grande benefício para o consumo de bateria, e que utilizem o conceito de fatiamento de rede (slicing) para a segmentação do tráfego. Mas o custo e a disponibilidade também podem ser o determinante. "O Wi-Fi 6 é muito mais barato de implantar em um endpoint. E daqui a alguns anos, a maior parte do tráfego continuará a ser pelo Wi-Fi, pelo menos no corporativo", compara.

Na questão da entrega e na qualidade do serviço, Gupta entende que a característica da nova tecnologia com espectro não licenciado permitirá contornar problemas atuais do Wi-Fi, como interferência e falta de disponibilidade. "Agora, o acesso é mais determinístico e você pode organizar de forma melhor. Além disso, terá mais espectro sendo aberto para ter mais capacidade, e há conversas de que apenas novos aparelhos compatíveis com Wi-Fi 6 seriam permitidos nessa nova faixa. Assim, começaria uma rede do zero, sem legado e sem disputa com todos os outros equipamentos", explica. A frequência sendo discutida é a de 6 GHz, que inclusive dá nome ao novo padrão de Wi-Fi.

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Para o 5G, Gupta destaca as aplicações do espectro CBRS, ou seja, a faixa de 3,5 GHz que deverá ser leiloada para a nova tecnologia no Brasil em março de 2020. O executivo diz que a Cisco participa de conversas sobre alocação desse espectro na União Internacional de Telecomunicações (UIT), incluindo na pauta da Conferência Mundial de Radiocomunicações (WRC-19).

Mas nada disso será possível sem infraestrutura de transporte. Sachin Gupta reconhece que as torres precisarão ter mais capacidade de fibra, mas diz que no caso do Wi-Fi e do 5G, talvez não haja tanta urgência. "Terá alguma infraestrutura de backend e backhaul que precisará ser construída, mas quando vão para um ambiente menor, o cabo ethernet e o cobre dentro do prédio ainda podem suportar multigigabit", declara.

Dedicado

Para o sênior vice-presidente de engenharia, CTO e arquiteto chefe de tendências da Cisco, Dave Ward, há ainda uma questão de aplicação determinando a destinação da frequência. "Vejo na Alemanha, e espero que isso aconteça também na América Latina, a possibilidade de ter espectro sendo licenciado para indústrias", afirma, alegando que "a maioria dos países" estaria pensando nesse modelo. "Não há diferença agora entre b2c e b2b, mas isso vai mudar com o 5G. Os leilões serão diferentes."

(* O jornalista viajou a San Diego a convite da Cisco)

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