Operadoras tomam conta dos sistemas operacionais dos set-tops de TV

Uma das principais tendências tecnológicas que vêm sendo observadas no mercado norte-americano é o fim dos middlewares tradicionais dos set-top boxes e o surgimento de middlewares desenvolvidos pelas próprias operadoras de TV paga, baseados em muitos casos em códigos abertos e referências de software comuns. Esse ano, na Cable 2013, que acontece esta semana em Washington, a Comcast lançou a segunda versão de sua plataforma de vídeo Xfinity, chamada de X2. Segundo Tony Werner, CTO da Comcast, em declaração a este noticiário, o plano da Comcast é licenciar a plataforma, que ela mesma chama do "sistema operacional da nova geração de set-tops". A plataforma X2 vem acompanhada de um padrão de design de uma caixa padronizada, similar a um set-top conectado, como a Apple TV ou as caixas Roku.

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Boa parte da apresentação de Brian Roberts, presidente da Comcast, foi dedicada ao show de lançamento da nova plataforma. Realizada no melhor estilo Apple, como quem lançava um novo sistema operacional de celular ou desktop, Roberts navegou pela nova interface, destacou as novas características, como os menus customizados automaticamente para o assinante, em função das recomendações.

Esse nível de flexibilidade na interface de usuário e na navegação só é possível porque a caixa funciona, quase inteiramente, com aplicações em nuvem. Ou seja, não há quase nada que fique armazenado no set-top.

Segundo Sree Kotay, arquiteto de software responsável pelo desenvolvimento do sistema operacional, todo o processamento é feito na rede da Comcast. A X2 é apenas uma caixa que roda a aplicação e executa os comandos em nuvem.

A plataforma torna transparente para a caixa e para o usuário a fonte do conteúdo. Podem ser canais lineares distribuídos na rede QAM da Comcast, podem ser conteúdos sob demanda, conteúdos IP da Internet ou da própria operadora, ou conteúdos armazenados na caixa e em outros dispositivos do usuário. "O melhor dessa plataforma é que não importa que tipo de conteúdo está sendo exibido. Ela integra tudo", diz ele, destacando que mesmo a implementação do Netflix na caixa da Comcast está em análise. "Nesse caso, o maior desafio é o sistema de controle de acesso da Netflix", diz ele.

A Comcast ainda não anunciou os fornecedores do novo set-top, diz ele. Mas a plataforma será aberta a qualquer fabricante. Os usuários da plataforma X1, anunciada no ano passado, terão upgrade automático no final do ano.

Entre os serviços disponíveis estão ferramentas de busca avançadas, recursos de recomendação comparáveis aos do Netflix, um design parecido com a Apple TV, reconhecimento de voz, aplicativos conectados e widgets (segundo Kotay, a abertura dos códigos para desenvolvedores de aplicativos independentes está em estudo).

"A nuvem mudou o jogo para nossa indústria. Estamos em uma fase em que vamos cada vez mais tirar a inteligência da caixa e colocar na nuvem", disse Brian Robets durante sua apresentação.

É uma resposta que a Comcast procura dar aos novos hábitos dos usuários. Além do uso de smartphones, tablets e PCs para consumo de mídia, a operadora também viu um crescimento gigantesco do consumo de conteúdos on demand em sua própria plataforma. Hoje, mais de 400 milhões de horas de conteúdo sob demanda são consumidas por mês nas redes da Comcast. A plataforma X2 funciona, obviamente, em dispositivos móveis e tablets, de forma que a transição entre telas é transparente para o usuário.

Outras iniciativas

A iniciativa da Comcast não é única. Existe uma tendência coordenada entre as operadoras de cabo dos EUA, e inclusive algumas europeias, no sentido de desenvolver plataformas que usem componentes comuns. O desenvolvimento em cima de códigos HTML5 é parte dessa estratégia, o que permite uma implementação mais simples entre diferentes hardwares. A iniciativa de oferecer um RDK (Reference Development Kit) comum à indústria foi tomada pela Comcast e tem sido seguida por diversos desenvolvedores de tecnologias e outras operadoras no desenvolvimento de suas interfaces e sistemas operacionais. Na Europa, a Liberty Global, maior operadora do continente, também tem planos similares aos da Comcast. Com isso, acaba a era em que os fabricantes de set-top definiam os recursos das caixas e a integração entre as plataformas. Isso hoje é tarefa das próprias operadoras.

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