Para Idec, modelo 5G brasileiro pode ser caro e dificultar acesso para consumidores

Na avaliação de Diogo Moyses, coordenador de políticas de telecomunicações do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o modelo de 5G que está sendo discutido pode ampliar o fosso que separa os que tem acesso à Internet dos que não têm. Isso porque, na opinião do coordenador, a tecnologia em si poderia trazer preços altos.

O representante do Idec destacou que a obrigação de implementar redes com o Release 16, por exemplo, não pode ser um elemento que venha a tornar a tecnologia cara na ponta. Isto porque o padrão do 5G standalone exige um core de rede totalmente novo, virtualizado, enquanto releases anteriores do 3GPP previam implantações não standalone, no qual era possível usar core de rede 4G, já amplamente implantados.

Moyses participou nesta terça-feira, 11, da audiência pública realizada pelo Grupo de Trabalho da Câmara dos Deputados que acompanha a implementação da tecnologia. "O 5G, no modelo que está sendo discutido, pode trazer preços proibitivos a dispositivos; preços mais altos para acessar serviços; redes localizadas somente em pontos de alta renda e aumento das desigualdades digitais já existentes no Brasil", apontou ele no evento.

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Valores

Além do problema de determinadas obrigações serem elementos que podem tornar a tecnologia cara para quem está na ponta, no caso, o consumidor final, Diogo Moyses lembrou que atualmente os preços dos smartphones também são um fator que pode dificultar o acesso ao serviço. "Hoje, um smartphone custa em média R$ 1.470", lembrou o pesquisador.

Moyses disse ainda que a telefonia móvel é a porta de entrada da Internet para pessoas de baixa renda, e que o modelo comercial de acesso para as pessoas é feito pela franquia de dados e não por velocidades. Isso impacta, na avaliação do representante do Idec, o modo como as pessoas usam a telefonia móvel.

"A desigualdade é uma marca estrutural do acesso à Internet no Brasil. E muitos dos usuários da rede mundial de computadores utiliza planos pré-pagos. Nós temos usuários de primeira classe, com várias formas de conexão e usuários de segunda classe, que usam planos pré-pagos e controle da telefonia móvel", disse Moysés aos parlamentares.

É preciso popularizar o 5G

É preciso remodelar a forma de como o 5G está sendo debatido no Brasil, apontou, Diogo Moyses. Isso porque, a depender dos modelos de negócios adequado, o pesquisador também acredita que o 5G pode mudar a desigualdade de acesso que existe no Brasil. "O nosso modelo comercial de acesso a dados móveis pode ser revisto com o 5G, já que ele oferece uma série de novas capacidades das redes de telecomunicações, trazendo um modelo de acesso contínuo, diferente dos atuais modelos de franquias", aponta.

O representante do Idec também defendeu que é preciso ter no debate sobre a quinta geração de telefonia móvel uma política de popularização de tecnologia e de dispositivos para não deixar ninguém para trás no acesso à essa tecnologia.

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