Operadoras acreditam ter redes prontas para eventual demanda em 4K

Com preços de TVs compatíveis em queda e maior oferta de conteúdo na Internet, a resolução 4K ainda pode ser uma raridade na casa dos brasileiros, mas tudo indica ser um caminho sem volta. Atualmente, é possível comprar um televisor capaz de processar imagens na resolução 3.840 x 2.160 pixels por cerca de R$ 2 mil, com tamanho de tela em 50 polegadas em diante. Além disso, desde abril do ano passado, a Netflix oferece conteúdo em 4K para seus planos premium, contanto que o usuário possua uma TV (ou monitor de computador) compatível e uma banda larga com velocidade de 25 Mbps ou superior. E, desde então, a oferta vem crescendo: apesar de a provedora over-the-top (OTT) só exibir séries com a resolução Ultra HD no Brasil, o catálogo vem aumentando especialmente com produções próprias, como as recém-lançadas Demolidor e Bloodline.

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A fornecedora Huawei ressalta, no entanto, que a necessidade de banda deverá aumentar com adições de novas características à resolução, como o aumento da taxa de quadros por segundo (fps, na sigla em inglês) para até 60 fps; e de bit rate para até 30 Mbps. Com isso, a largura de banda do usuário precisaria sair dos cerca de 20 Mbps atuais necessários para o 4K comum para 50 Mbps. Considerando-se o formato IMAX 4K (com maior taxa de quadros, bit rates e sample), a banda larga precisaria ter pelo menos 100 Mbps.

O novo diretor da Live TIM, Flávio Lang, assegura que a rede ótica da operadora, baseada na infraestrutura adquirida da AES Atimus em 2011, está preparada para esse eventual aumento na demanda. Mas ele reconhece que a tendência é de que o consumo comece antes com OTTs do que com o broadcasting. "Onde o 4K vai explodir é realmente em plataformas de IP, não terá espectro para empacotar e distribuir o sinal em alta; as redes de acesso terão as melhores performances", disse ele a este noticiário. O problema, aponta Lang, é ainda a falta de dispositivos compatíveis e a geração de conteúdo. Mas, uma vez que ganhem força, ele acredita que oferecer a capacidade – ou seja, não apenas a velocidade, mas a estabilidade e a latência – será um diferencial.

Arquitetura de rede em foco

A estratégia da Live TIM para o 4K segue os passos da atual aposta em OTTs. A companhia conta com acordos de peering com a Netflix, além de redes de distribuição de conteúdo (CDNs, na sigla em inglês) para colocar o vídeo mais próximo do consumidor – até pelo fato de rede da operadora se limitar a São Paulo e Rio de Janeiro, que é justamente onde fica a maior parte dos pontos de interconexão. "Não tenho ponto de gargalo de tráfego, temos conexão direta, o peering com provedores, e CDN com a (fornecedora) Akamai em alguns pontos. Na perspectiva estrutural, não é problema para a Live TIM".

No caso de uma eventual explosão de demanda, a arquitetura da rede deveria evoluir com a maior distribuição de CDNs. Lang faz as contas: "Tenho anéis metropolitanos de 10 Gbps, em média, divido por oito emissões por anel, o que dá 1,2 MSANs (caixa para onde vai a fibra do backbone) em 192 portas, aí fico com 3,5 Mbps (de capacidade máxima) se houver 100% do tráfego utilizado, o que nunca vai ter", explica. Segundo ele, a ocupação total da rede não passa de 70%, o que daria entre 10 Mbps e 15 Mbps por cliente, o que ele julga ser mais do que suficiente para 4K.

A operadora oferece a Live TIM no esquema de fibra até o armário (FTTC), seguindo na última milha com cobre em VDSL2 – exceto na oferta de 1 Gbps, que é feita com fibra na residência (FTTH). A empresa estuda também utilizar tecnologias como G.fast, mas ainda considera o FTTH. Flávio Lang afirma que pesquisou recentemente na Ásia, e percebeu que o GPON começou a fazer mais sentido, sendo mais barato para cobertura, embora ainda necessite de Capex maior. "Se tiver volume de ativação, o cobre ainda é mais barato, mas se for vender pouco, o GPON é bom", diz. Mas ainda não se justifica. "Por enquanto, me parece que a posição mais adequada é seguir, pelo menos em curto prazo, com nossa arquitetura."

Além disso, o executivo da divisão de banda larga fixa da TIM acredita que, enquanto acontecerá a maior disponibilidade de aparelhos, que puxará também a produção de conteúdo, deverá haver novas tecnologias de compressão. "Acredito muito mais que a tecnologia vai evoluir em protocolos de encapsulamento, o que vai reduzir a necessidade de banda", declara. O executivo promete, para próximas semanas, a chegada do set-top Blue Box compatível com 4K, conforme antecipado por este boletim.

Pequeno

Preparar uma rede que já esteja com fibra na ponta pode ser mais fácil, na visão do presidente da provedora de Internet e TV do interior paulista Life, Oswaldo Zanguettin. "Penso que as redes de fibra, daqui a três ou quatro anos, vão rodar 10 Gbps, e os clientes que necessitam de mais banda vão migrar, mantendo a outra base na rede de fibra atual, porque no fundo só muda a portinha (na ponta)", argumenta.

Por outro lado, será necessário investir mais em headend. A Life oferece IPTV por meio da arquitetura FTTH, com opção de gravação de TV em nuvem. Como o tamanho dos arquivos será exponencialmente com 4K, seria necessário investir em capacidade no data center. Mas a tecnologia deverá ajudar. "Nos próximos dois anos, a expectativa é de que os preços melhorem muito para não termos que usar o disco rígido como é hoje, mas memórias sólidas (SSD), e isso vai ampliar bastante a capacidade de gravação, além da relação de leitura/escrita, que é muito importante em um data center para a questão de vídeo", declara Zanguettin.

Assim como a TIM, está nos planos de curto prazo da Life oferecer um set-top box compatível com 4K. Segundo o executivo, o aparelho já está sendo desenvolvido em conjunto com a fornecedora Cianet para ser capaz de rodar vídeos com o padrão HEVC em Ultra HD. "A gente já deu uma pensada (no futuro da demanda com a nova tecnologia) desde a caixinha do usuário até o headends e storages; toda a cadeia a gente já tem uma ideia de como deverá ser", assegura Zanguettin.

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