Telefónica pode tentar juntar Telesp com Vivo e manter PT na sociedade

A Portugal Telecom deu uma prova de que nem por muito dinheiro se desfaz da participação que tem na Vivo. A oferta de 5,7 bilhões de euros feita pela Telefónica é maior que o valor de mercado da própria Portugal Telecom e representa um ágio de 145% sobre a cotação média das ações ordinárias da Vivo. A negativa da PT, entretanto, não significa o fim das alternativas para que a Telefónica junte a Telesp com a Vivo e assim consiga fazer frente aos seus competidores no mercado convergente.
Um analista de mercado, que trabalha para um grande banco, entende que a Telefónica ainda pode propor aos portugueses a consolidação de Telesp e Vivo e assim a PT teria uma participação na sociedade resultante da fusão das duas empresas. Para ele, essa proposta elevadíssima foi uma forma de mostrar à PT que ela teria uma grande participação na sociedade formada pelas duas companhias.
Dessa forma a Telefónica consegue resolver a falta de uma operação móvel no Brasil e ao mesmo tempo a Portugal Telecom se mantém no lucrativo mercado brasileiro, de onde vem mais da metade de seu faturamento e ainda em uma empresa fortalecida, com atuação em telefonia móvel, fixa e TV por assinatura.

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TIM
A aquisição da TIM, contudo, tende a ser uma opção remota de investimento para a Telefónica. Isso porque, a gigante espanhola poderia não ter a quem vender a participação que tem na Vivo, uma vez que a PT não tem tal capacidade de endividamento. Além disso, não seria interessante para a Telefónica entrar na telefonia móvel através da TIM, uma vez que, durante todos esses anos, financiou o crescimento e a consolidação da Vivo. "Agora que fez da Vivo a maior operadora móvel do Brasil, eles vão comprar a TIM?", pergunta o analista.
Shot gun
No acordo de acionistas da Brasilcel (sociedade através da qual Telefónica e PT dividem em partes iguais o controle da Vivo) existe uma cláusula, conhecida como shot gun, que permite à Portugal Telecom reverter a oferta da Telefónica, ou seja: comprar da Telefónica sua participação pelo mesmo preço proposto. Essa hipótese, na visão deste analista, também é remota porque a PT não poderia se endividar a tal ponto. "Não é porque tenho uma arma que vou sair atirando. O caminho não é abrir guerra, porque os portugueses vão morrer abraçados com a Vivo", afirma ele.
Golden share
A Telefónica tem pressa para resolver seu problema no Brasil. O governo de Portugal está negociando com a Comunidade Européia para que a golden share que o governo tem na PT não vença este ano. A golden share permite ao governo de Portugal vetar qualquer alteração no controle da operadora. Esse cenário de incerteza em relação à golden share também é um fator que levou a Telefónica a apressar-se. Se a golden share cair, diminuem as barreiras para que a PT seja adquirida por quem quer que seja, inclusive, por alguma das empresas do mexicano Carlos Slim. Caso isso aconteça a Telefónica se veria em uma incômoda situação, poderia dividir o controle da Vivo com os mexicanos e a integração com a Vivo, aí sim, iria por água abaixo. Cabe lembrar que o estatuto social da PT limita a participação de cada acionista em 10%.
Ao que parece a Telefónica aprendeu com o episódio Vivendi/GVT que não deve procrastinar seus planos. Ao posicionar-se já evita um movimento surpresa dos seus concorrentes. "A Telefónica procrastinou no passado e foi surpreendida pelos franceses. O tabuleiro está aberto, quanto antes você se posicionar, melhor".
Em Portugal
O Banco UBS, citado pelo noticiário português Diário Económico, também menciona a manuntenção da PT em uma eventual sociedade entre Vivo e Telesp. "Acreditamos que, nesta altura, há quatro grandes cenários dada a rejeição da PT: 1) a Telefónica sobe a oferta pela Vivo; 2) a Telefónica e a PT continuam parceiras e fundem a Vivo com a Telesp; 3) Telefónica lança uma OPA à PT; 4) tudo fica na mesma, o que é pouco provável dado que os acionistas minoritários da PT podem desafiar o 'board'", diz o UBS.
A imprensa portuguesa, aliás, voltou a falar sobre a possibilidade da PT ser comprada pela Telefónica. As análises de todos bancos trouxeram essa possibilidade. Uma OPA hostil pela PT, contudo, é vista como fadada ao fracasso por conta de questões políticas. O estatuto da PT não permite a nenhum acionista ter mais de 10% dos direitos de voto, e o Estado português, com a golden share, tem sempre a última palavra.

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