Satélite precisa entrar no decreto da TV 3.0, defende Abrasat

Foto: Pixabay

A Associação Brasileira das Empresas de Telecomunicações por Satélite (Abrasat) divulgou uma carta aberta defendendo que a transmissão via satélite seja incluída no decreto do Ministério das Comunicações (MCom) que regulamentará a TV 3.0 no Brasil.

A entidade classificou a tecnologia satelital como indispensável para o sucesso do novo padrão de transmissão de TV digital. No momento, o governo federal está próximo de publicar um decreto definindo as condições para implementação da TV 3.0 no País e tem conhecido protótipos de tecnologias para o processo.

"Estamos seguros de que o Ministério das Comunicações concorda que a ideia de uma TV 3.0 via satélite tem absoluta relevância em um país com as dimensões territoriais do Brasil, cujo percentual de residências que dependem dessa tecnologia para acesso ao sinal de televisão corresponde a 20%, cerca de 15 milhões de domicílios", afirmou a Abrasat, na carta.

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A associação vê essa possibilidade como um "caminho natural" após o crescimento da recepção de TV a partir de satélites (TVRO) em banda Ku. "A TV 3.0 via satélite será uma experiência de consumo linear, que todos conhecem, que chega para todos ao mesmo tempo e é gratuita, com a adição de uma nova camada de experiência mais personalizada, com a possibilidade de geração de dados e medição censitária".

Neste sentido, o que a Abrasat vislumbra é um receptor UHD TV 3.0 via satélite (atualmente em desenvolvimento) capaz de oferecer alta qualidade de imagem e som, além de preço compatível e as funcionalidades técnicas necessárias para a na TV 3.0. Esse receptor UHD também permitiria que televisores hoje usuários da recepção via satélite fossem inseridos de forma mais fácil nova geração da TV digital.

"Outra vantagem do satélite é que a banda já está disponível. O satélite já está em operação, com as frequências já definidas. Além disso, no lançamento, a TV 3.0 via satélite já poderá estar disponível para cobertura nacional, sem necessidade de roll out como ocorreu na implantação da TV digital. A recepção será com uma antena única, pois a mesma da TVRO Ku poderá ser utilizada na TV 3.0 por satélite", afirmam as associadas da Abrasat.

Mesmo para a TV 3.0 terrestre a entidade vê o satélite como elo necessário. "Podemos convergir os dois sistemas, pois o sinal que será disponibilizado ao consumidor final seria o mesmo que chegaria pelas redes profissionais para alimentar as retransmissões locais". Isso resultaria em uma infraestrutura de distribuição uniforme", alegam.

"A Abrasat entende que iniciar a construção da TV 3.0 via satélite junto com a TV 3.0 terrestre tornará o processo mais simples e poderá antecipar metas de ativação de serviços. O satélite é um colaborador importante para ajudar as emissoras a colocar a TV 3.0 terrestre em operação".

Recursos técnicos

Uma das principais promessas da TV 3.0 é a possibilidade de interatividade, através de conexão com a Internet. Dessa forma, a Abrasat coloca que a TV 3.0 via satélite será distribuída em formato IP, sem necessidade de conversão para formatos tradicionais de transmissão digital (como ISDB-Tb), o que poderia facilitar a entrega de conteúdos em alta resolução 4K, HDR e som imersivo.

"A integração da TV aberta no formato IP via satélite passa por um conjunto de equipamentos que serão responsáveis pelo encapsulamento dos sinais em IP, pela transmissão via satélite e pela recepção que utilizará receptores com conversão de multicast para unicast, replicação de backend de ponta, tratamento de sessões de streaming de mídia e interação de aplicativos de smartphone, sendo que a camada de transporte é chave para a TV 3.0", detalhou a Abrasat.

Outra possível solução técnica é o DVB-NIP (DVB Native IP), que permite que o sinal de TV seja transmitido diretamente como pacotes IP, facilitando a integração com smart TVs, set-top boxes e dispositivos conectados.

"Esse modelo facilita o uso de redes híbridas, combinando satélite, Internet e broadcast. A base de transmissão dos sinais digitais UHD (Ultra HD) e suas configurações com a tecnologia DVB-NIP via satélite poderão ser compatíveis com os receptores digitais UHD terrestres, tanto para canais FTA (Free to Air), como canais FAST- Free Ad-Supported Television (vídeo pela internet que oferece conteúdo gratuito com suporte de anúncios) e OTT/APP (plataformas de streaming)", enumerou a Abrasat.

Dessa forma, os recursos completos da TV 3.0 poderiam chegar ao usuário final através de antenas parabólicas e receptores compatíveis com o DVB-NIP, sendo possível acessar conteúdo sob demanda e serviços interativos via conexão IP.

"Emissoras de televisão, indústrias de receptores, operadoras de satélite e governo devem atuar em conjunto para buscar a melhor solução técnica e atender milhões de brasileiros que têm a televisão como opção, muitas vezes a única, para se integrar nas tecnologias digitais e acesso aos mais diversos conteúdos", finalizou a Abrasat.

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