Um dos temas de fundo da Satellite 2025, que acontece esta semana em Washington (estados Unidos), é o papel protagonista que Elon Musk, controlador da Starlink, desempenha no governo norte-americano e as recentes ações da gestão Donald Trump, especialmente em relação à Europa.
A incerteza em relação ao fornecimento de serviços da Starlink para o governo da Ucrânia, por exemplo, foi tema de várias discussões.
Também o CEO da SES, ao anunciar a parceria com a Lynk, mencionou a possibilidade de colocar a fabricação da Lynk na Europa para atender demandas dos governos europeus. Ele também alfinetou o cenário de incertezas criado pela dupla posição de Musk.
"Nós gostamos de estabilidade, não de incertezas, e com certeza essa incerteza está nos desafiando. O governo dos Estados Unidos tem sido muito vocal em demandar mais investimentos da Europa e isso pode ser que esteja sendo ouvido agora", disse ele, enxergando um lado positivo nas provocações norte-americanas.
"Muitos parceiros comerciais estão prestando mais atenção de onde contratam tecnologia, como será usada, quem vai provar e isso é um desafio. Mas ao mesmo tempo tem uma oportunidade a ser explorada a depender de como isso vai evoluir", disse. "Na SES temos um negócio global, mas é uma empresa pequena, de 4 mil funcionários. Teremos uma presença maior nos Estados Unidos com a Intelsat, que tem parcerias com o governo nos. E temos raízes na Europa".
Mas ele também lembra que foi o primeiro governo Trump quem criou a SpaceForce, um marco visto como positivo pela indústria de satélites. "Tenho certeza de que quando o orçamento for aprovado aqui nos Estados Unidos, o espaço vai se beneficiar. E o mesmo vale na Europa e em outros países. A minha preocupação não é se haverá investimento, mas a complexidade que se coloca nos futuros projetos".
Vale lembrar que vários países já estão acelerando planos de desenvolvimento de constelações próprias. O Canadá, que tem sido alvo de agressões diplomáticas dos Estados Unidos, já trabalha há alguns anos na constelação Lightspeed, da Telesat, que deve estar em operação em 2027. A China também tem seu próprio projeto de constelação de órbita baixa, assim como o governo espanhol que recentemente colocou uma empresa estatal para controlar a Hispasat, isso para não falar do projeto europeu IRIS2.