Concentração da base 4G na consolidação da Oi com Vivo e TIM traria desequilíbrio

Foto: Pixabay

A intenção de fusão da Oi Móvel compartilhada entre TIM e Vivo pode ser enxergada pelo aspecto da tecnologia, além da ótica do espectro. A operação, que ainda não foi negociada oficialmente, poderia resultar em certas discrepâncias com a incorporação da base pelas duas teles, especialmente no caso da tecnologia dominante no País, o 4G. E isso certamente seria levado em consideração tanto pela Anatel quanto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em alinhamento com a concentração de frequências.

Segundo dados da Anatel referentes a janeiro, o 4G representa atualmente 62% do total de acessos no Brasil, enquanto o 3G ainda conta com 16% do mercado; e o 2G, 12% (o M2M ainda representa os 10% restantes). Mas mesmo nestas tecnologias legadas, o fatiamento da operadora poderia trazer consequências que alterariam a dinâmica do setor.

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O impacto principal, contudo, seria no LTE. Apesar de ser a quarta colocada na tecnologia 4G, a base da Oi ainda representa 16,09% do mercado, com um total de 25,043 milhões de conexões em janeiro, com crescimento anual de 14,17%.

A Vivo é líder isolada no LTE, contabilizando 49,364 milhões de acessos, ou 31,72% do mercado. A TIM tinha 39,091 milhões de chips 4G, representando 25,12% do mercado. A Claro conta com 36,821 milhões de linhas, ou 23,66% do total brasileiro. Contabilizando com a Nextel, adicionaria 3,364 milhões e ficaria com 40,185 milhões (ou 25,82% de market share), superando atualmente TIM, mas ainda aquém da Vivo.

O fatiamento igualitário da Oi (12,5 milhões para cada) entre as duas certamente provocaria uma assimetria no cenário de acessos na tecnologia. Especialmente no caso da Vivo: a operadora iria concentrar 61,886 milhões de acessos, avançando para 39,76% do mercado total de 4G. Já a TIM ficaria com 51,613 milhões de acessos, e 33,16% do mercado. 

Tecnologias legadas

No 3G, a Oi tem ainda uma base de 4,782 milhões de linhas, ou 11,58% do mercado total. Val ressaltar que a empresa é a que tem efetuado uma política de desconexões mais agressiva que as demais no WCDMA. Em 12 meses, a tele desligou 3,246 milhões de acessos, o que significa uma redução de 40,43% no total.

É uma base menor, mas a fusão com a TIM e a Vivo poderia modificar significativamente o balanço, equiparando as empresas à líder no 3G (com 40,22%), a Claro, que tinha sozinha 16,611 milhões de linhas (e com a Nextel, adicionaria mais 148,3 mil). A base da Vivo é a segunda maior, com 11,345 milhões de acessos, ou 27,47% de market share. A taxa de desligamentos em 12 meses da empresa é de 15,80%, ou 2,128 milhões de desconexões. A TIM tinha em janeiro 8,008 milhões de acessos 3G, ou 19,39% do mercado. A companhia tem efetuado uma limpeza mais agressiva do que a Vivo, contabilizando 2,826 milhões de desconexões em 12 meses, uma queda de 26,08%.

Considerando um fatiamento de base igualitário (cerca de 2,4 milhões de chips para cada), a base da Vivo ficaria com 13,736 milhões de conexões, enquanto a da TIM ficaria com 10,399 milhões de acessos. O market share de cada uma subiria para 33,26% e 25,18%, respectivamente.

O GSM ainda teria outra dinâmica também. A Oi tinha ao final do ano passado uma base de 6,940 milhões de acessos 2G, o que representa 18,9% do total da base da empresa. Tanto Vivo quando a TIM têm ainda bases significativas na tecnologia, sendo as líderes do segmento. Sozinha, a Vivo ainda conta com 14,131 milhões de acessos GSM, representando 18,95% de toda a sua base. Já a TIM tem ainda 7,016 milhões de acessos, ou 12,89% do total da base.

Pré e pós

A incorporação da Oi Móvel fatiada ainda poderia trazer uma base potencialmente de baixo ARPU, o que deixaria a TIM com mix ainda mais acentuado em direção ao pré-pago, que ainda é a maioria dos acessos tanto no mercado total quanto no 4G.

A Oi é a operadora com maior concentração de pré-pago atualmente, com 66,1% do total da base, ou 24,287 milhões de acessos. Considerando somente o 4G, a companhia tem 16,660 milhões de linhas pré-pagas. O pós-pago tem 12,456 milhões de acessos, ou 33,9% do mix.

A Vivo tem o melhor mix do mercado atual, com 57,9% (43,286 milhões de linhas) em pós-pagos. O pré-pago é 42,1%, ou 31,316 milhões de acessos, dos quais 22,206 milhões são com a tecnologia 4G. A TIM também conta com base ainda predominantemente pré-paga: 32,359 milhões de acessos (60,1%). Desses, 23,487 milhões eram em LTE. O pós-pago da companhia representa 39,9% do total, ou 21,512 milhões de linhas.

Comparativamente, a Claro, com a Nextel já contabilizada, tem um mix de 53,4% de pós-pago, ou 31,147 milhões de acessos; e 27,213 milhões de chips (46,6%) em pré-pago. Sozinha, a Claro ainda contava com 20,266 milhões de acessos em pré-pago somente no 4G.

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