Dois sistemas internacionais de comunicação que atenderão o mercado brasileiro devem ter a construção concluída no segundo semestre de 2020. Responsável pelo cabo submarino Malbec, que ligará Brasil e Argentina, a Globenet reportou que deve iniciar a operação comercial no mês de agosto. Já a rota Brasil-Europa da EllaLink deve ter a construção concluída até dezembro.
Os cronogramas foram compartilhados durante evento do segmento de atacado realizado nesta semana em São Paulo. A adição dos dois sistemas deve trazer ainda mais capacidade para o mercado brasileiro, que vive nova dinâmica após a chegada de uma série de novos cabos submarinos nos últimos anos.
No caso do Malbec, o CEO da Globenet, Eduardo Falzoni, reporta que a rota de 2,5 mil km co-construída com o Facebook está com as landing stations em finalização, e que a instalação do cabo ótico (fabricado em Sorocaba) deve começar em breve. "Os navios já estão carregados. Depois de testes, esperamos estar operacionais nas primeiras semanas de agosto", anunciou.
Segundo Falzoni, o roadmap em questão está dentro do considerado ideal pela empresa para o projeto – ou de 22 a 24 meses. O Malbec vai interligar os estados do Rio de Janeiro e São Paulo com a região de Buenos Aires, na Argentina, criando uma nova rota entre o país vizinho e outros mercados internacionais.
EllaLink
No caso do cabo Brasil-Europa da EllaLink, estão previstas conexões em Sines (Portugal) e na costa africana antes da chegada no Ceará, em São Paulo e no Rio de Janeiro; e ainda haverá conexão terrestre com Madrid (Espanha). Originalmente, o projeto teria participação da Telebras, que está deixando a iniciativa por falta de recursos.
Ainda assim, o CEO da empresa, Philippe Dumont, afirma que a rota de 6,2 mil km está completamente financiada. "Ela estará pronta para serviço em meados de dezembro", afirmou o executivo. Atualmente em construção, o cabo ótico (fabricado pela Alcatel Submarine Networks) estaria 60% concluído e teria o início da instalação de fato previsto para o verão do hemisfério norte (entre junho e setembro).
Segundo Dumont, um dos objetivos da rota será a redução da latência entre a América do Sul e países asiáticos através da Europa. "A economia que mais cresce na América do Sul é a da China. Daqui para frente, a forma mais eficiente e curta de se conectar com a Ásia será através do EllaLink. Ir de qualquer forma será um trajeto mais longo", afirmou.
Angola Cables
A declaração do executivo pode ser considerada uma alfinetada na Angola Cables, que tem apostado em uma Rota Sul-Sul que ligue o Brasil e Ásia pelo hemisfério sul, passando por Angola e pela África do Sul. Segundo executivos da companhia, a chegada ao mercado asiático será preponderante para o breakeven do empreendimento (que deve levar de sete a oito anos a partir do início das operações).
No momento, a Angola Cables tem realizado uma série de testes ao lado da Nokia e demais fornecedores. A este noticiário, a companhia reportou que o "atalho" pela África possibilitado pelo cabo SACS já garante uma redução de 100 milissegundos na conexão com o mercado asiático.
Porto Alegre
A empresa também vê uma importante demanda doméstica para suas rotas, que incluem um dos pares do cabo Monet, que conecta Santos, Fortaleza e a Flórida, nos EUA. Por conta disso, a empresa está inaugurando um novo ponto de presença (PoP) em Porto Alegre.
"Identificamos uma carência técnica, de capacidade e de rapidez de instalação na região Sul por falta de um IP de baixíssima latência", justificou o diretor da filial brasileira da Angola Cables, Victor Costa. Em São Paulo, a companhia já possui três POPs.