Criminosos estão usando uma nova ferramenta para aplicar golpes virtuais: as ERBs fakes (estações rádio base falsas). Esses dispositivos capturam sinais de celulares em uma área específica, simulam redes de operadoras e enviam mensagens fraudulentas. A prática, que interfere em serviços de telecomunicações, foi discutida nesta terça-feira, 11, pelo Conselho Consultivo da Anatel.
A falsa antena de celular (ERB fake) é um equipamento sem homologação que emite radiofrequência não autorizada, "sequestrando" temporariamente o sinal de celulares próximos. Com isso, criminosos exploram vulnerabilidades da rede 2G. Ao se conectar à rede falsa, os usuários recebem mensagens de texto com links maliciosos – contendo falsas promoções, alertas de dívidas ou supostos problemas bancários.
De acordo com a autarquia, três casos desse tipo foram registrados em São Paulo desde julho de 2024:
- Jul/24 – ERB fake em veículo interceptado pela Polícia Militar de São Paulo;
- Set/24 – ERB fake em veículo interceptado pela Polícia Rod. de SP;
- Jan/25 – ERB fake em imóvel: investigação da Polícia Civil com apoio da Anatel.
No caso da ocorrência em julho, a Polícia Militar de São Paulo (PMSP) suspeitou de um carro andando lentamente com o farol desligado na rua. Quando abordaram o veículo, descobriram um equipamento estranho. Chamada pelas autoridades, a Anatel confirmou que aquilo se tratava de uma ERB fake. Dois meses depois, outra ocorrência semelhante foi registrada, mas pela Polícia Rodoviária Estadual (PMESP).
Já em janeiro de 2025, a Anatel registrou o primeiro caso em um imóvel. A investigação começou após uma operadora relatar o "desaparecimento" do próprio sinal em uma região específica da capital paulista. Técnicos da agência usaram medidores de espectro para rastrear a fonte da interferência até um apartamento.
"A partir de ação policial, conseguiu-se o mandado de busca e apreensão. Daí foi cena de filme. Derrubaram a porta e os caras estavam lá com o equipamento ligado cometendo esse crime", disse superintendente de fiscalização da agência, Gesiléa Teles.
Desafio
Essa prática viola o artigo 183 da Lei Geral de Telecomunicações (LGT), que proíbe serviços clandestinos. A ação também interfere em sistemas de interesse público, como o serviço móvel pessoal (SMP). "Mas a identificação é muito complexa, porque a gente não vai sair olhando para dentro do carro das pessoas para saber onde estão as ERBs fakes", afirmou Teles.
Segundo ela, para frear essas ocorrências, não basta apenas a estreita parceria entre a Anatel e as forças policiais. É importante que haja consciência por parte dos usuários de telecomunicações. "Enquanto houver consumidor que acredita em SMS de origem duvidosa, e que acaba clicando ali, essa fraude vai continuar acontecendo. Muita gente cai nisso", contou.
Sofisticação
Assessor da superintendência de fiscalização, Marcelo Alves da Silva explicou que as operadoras de telecomunicações, ao longo do tempo, conseguiram reforçar as redes de telecomunicações. Isso significa que agora é mais fácil identificar quem usa as redes tradicionais para disparar golpes com SMS fraudulento. Com isso, criminosos passaram a apelar para essa nova tecnologia. Uma antena clandestina de celular é mais cara, mas ela garante uma anonimidade maior ao criminoso, de acordo com Marcelo Alves.