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Privacidade é uma escolha cultural, acreditam especialistas

O conceito de privacidade tem conotações diversas, mas para o diretor de políticas públicas do Google Brasil, Marcel Leonardi, "o que talvez falte melhor é a gente entender a noção dos trade-offs, as trocas", declarou ele durante segundo dia do Seminário ABDTIC 2014, realizado nesta quarta-feira, 10. Ele compara o modelo da Internet com o presente na publicidade de outras mídias, como TV, jornal e revistas. "Essa ideia de grátis em troca de publicidade precisa ser melhor compreendida. Isso não se confunde com a coleta de dados"

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Na visão de Leonardi, a privacidade deve ser baseada na oferta de opção de sair (opt-out) e na transparência de saber que os dados pessoais serão utilizados e de qual forma. Ele acredita que o Marco Civil foi um grande avanço nesses valores, escolhendo o modelo de obrigar a revelação de dados apenas sob medida judicial. "Talvez a gente devesse caminhar para regular o uso dos dados e não se preocupar tanto com a coleta. Como a lei iria lidar com os cem cookies aparecendo: mostraria cem pop-ups pedindo autorização?", sugere.

Apesar de falar que o Google tem cooperado com a Comissão Europeia em atender às solicitações do direito ao esquecimento, o diretor da empresa ressalta os problemas com a exigência de que as remoções das indexações sejam globais, e não apenas nos domínios europeus da empresa. "O artigo 29 (da lei europeia) diz que tem de ser no mundo inteiro. Isso é o direito europeu valendo para o mundo inteiro. E na hora que a China ou a Rússia pedirem a mesma coisa? E outros países que têm mais restrições? Aí a própria utilidade dos serviços online vai estar em jogo", explica.

Da mesma forma, ele critica o Projeto de Lei (PL) nº 7881/2014 do deputado Eduardo Cunha (PDMB-RJ), que simula a lei europeia e em um artigo cita: "É obrigatória a remoção de links dos mecanismos de busca da Internet que façam referência a dados irrelevantes ou defasados, por iniciativa de qualquer cidadão ou a pedido da pessoa envolvida". No entendimento de Marcel Leonardi, qualquer pessoa – ou mesmo empresa – poderia pedir a remoção de links considerados desatualizados ou irrelevantes, até mesmo de outras pessoas/empresas. O perigo é que isso criasse uma onda de censura infundada.

Cultural

Pelo lado comercial, no entanto, há a proposta de trazer benefícios aos usuários. Para o diretor de operações da América Latina da empresa de marketing digital IgnitionOne, Edmardo Galli, não se deve ter medo dessa tendência. "A captura está aí há muito tempo, está se desenvolvendo", afirma. "Existe até perseguição feroz de empresas como a minha, e (na solução) tem sim a opção de o usuário não ser alvo, ele pode desabilitar isso no navegador", diz. E ressalta que haverá maior debate ainda quando se considerar a atuação de dispositivos móveis. "Os wearables estão coletando informações suas, estas sim pessoais, porque são o seu coração e as batidas; e tudo isso não tem volta", explica. "Dados são conteúdos, não é apenas publicidade".

"Acho que seja, sobretudo, um problema cultural, faltam pesquisa e estudos brasileiros para entender a cultura", declara o representante da Alvarez & Marsal, William Beer. "A abordagem tradicional não está funcionando, e o movimento de marketing, comunicações e psicológico são importantes", diz.

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