Controladora da Nextel continua a perder receita e a ter prejuízo operacional crescente

Com receitas em queda e prejuízo operacional aumentando, a Nii Holdings, controladora da Nextel Brasil, continuou a mostrar um desempenho financeiro atribulado em seu balanço financeiro do terceiro trimestre do ano divulgado nesta segunda, 10. Como a companhia e oito de suas subsidiárias pediram recuperação judicial (Chapter 11) em setembro, a situação agora é de reestruturar a organização, inclusive no Brasil, onde encontrou falhas contábeis, para tentar melhorar operacionalmente e recuperar receitas, enquanto tenta renegociar dívidas e prazos.

O CEO da Nii, Steve Shindler, afirmou que houve resultado operacional positivo, apesar das quedas no México, e que permanece com foco no restante do ano para melhorar a receita e direcionar melhor a lucratividade do negócio para 2015. Mas ressalta que,“infelizmente, esses e outros esforços para melhorar nosso desempenho operacional não foram suficientes para endereçar os desafios de liquidez no longo prazo”.

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O vice-presidente e CFO da companhia, Juan Figuereo, afirmou que implementou estratégias para estabilizar receitas e tomar “medidas mais agressivas para reduzir os custos dos negócios”, dizendo ainda que está “trabalhando com os bondholders no processo do Chapter 11 para desenvolver um plano de reorganização que irá melhorar nossa estrutura de capital, melhorar nossa liquidez e nos dar flexibilidade para continuar a executar a reviravolta de nossos negócios”. Figuereo reforça a posição da empresa de se abrir para "discussões estratégicas com partes interessadas em nossos ativos valiosos”.

Em formulário enviado à Security Exchange Commision (SEC), a comissão de valores norte-americana, a Nii afirmou que as subsidiárias do Brasil, México e Argentina não são devedoras nos casos abraçados pelo Chapter 11. A companhia informa ainda que conseguiu autorização em 14 de outubro para pagar salários e benefícios para funcionários, bem como certos compromissos financeiros, para manter as operações.

Reestruturação operacional no Brasil

Sem muito alarde, a Nii afirma que identificou “fraqueza material” ao tentar controlar deficiências no Brasil, o que impactaria nos relatórios financeiros. “A fraqueza material é resultado de recursos insuficientes em nosso segmento do departamento contábil no Brasil, execução inconsistente de controles e avaliação inadequada da gestão em certas atividades de controle”, afirma o grupo norte-americano. Dessa forma, o CFO no Brasil, Shamin Khan, tomará medidas como reavaliar a estrutura organizacional da Nextel Brasil para “garantir que temos um complemento adequado de pessoal devidamente treinado com as habilidades e experiências apropriadas”, incluindo treinamento com conformidades de mercado dos Estados Unidos. Khan vai também tomar medidas para aumentar o nível de envolvimento e monitoramento da diretoria até que a estrutura organizacional seja finalizada.

Dívidas

O valor total do passivo é de US$ 4,598 bilhões, com uma dívida total de US$ 4,350 bilhões com senior notes com maturidade para até 2021. Além desses valores, a companhia tem dívidas consideradas como “sem compromissos” de US$ 1,439 bilhão, sendo desse total US$ 385,8 milhões de empréstimos de bancos brasileiros, US$ 366,9 milhões de financiamento para equipamentos no Brasil e US$ 47,239 milhões de aluguel e obrigações com torres no País – a companhia vendeu em junho 103 torres por US$ 18,6 milhões, operação que foi concluída em outubro.

A companhia afirma ainda que a data de 31 de dezembro para entrar em conformidade na dívida com bancos brasileiros não teria como ser atendida. “Estamos ativamente engajados em discussões com os credores em nossos empréstimos locais com bancos no Brasil em respeito a potenciais renúncias ou emendas de termos dos acordos relacionados que poderiam endereçar esses problemas de conformidade com convênios financeiros”.

Resultados

A receita operacional da Nii Holdings caiu 14,64% e 22,3% no trimestre e no acumulado do ano, respectivamente, totalizando US$ 926,7 milhões e US$ 2,834 bilhões. O prejuízo operacional cresceu 66,33% e fechou o trimestre em US$ 212,9 milhões. Nos nove meses, a queda foi de mais de três vezes e meia, totalizando US$ 775,8 milhões. Da mesma forma, o prejuízo líquido também aumentou: 47,85%, totalizando US$ 443,4 milhões no trimestre; e 59,64%, total de US$ 1,442 bilhão, no acumulado de janeiro a setembro.

Já a operação brasileira mostrou desempenho mais estável, com redução de 2,95% na receita operacional no trimestre (US$ 476,4 milhões) e de 16,92% (US$ 1,417 bilhão) nos nove meses. A companhia não informou o luro/prejuízo da operadora no País.

Em termos operacionais, houve perda de 97,3 mil acessos iDEN e aumento de 185,3 mil acessos WCDMA (provavelmente contando junto também as conexões LTE no Rio de Janeiro), o que dá um total de 88 mil adições líquidas. Segundo a empresa, 97,9 mil acessos migraram da tecnologia de Serviço Móvel Especializado (SME, ou trunking) para o Serviço Móvel Pessoa (SMP). O churn ficou em 2,28%, contra 3,12% em 2013, mas nota-se que houve aumento de 0,93% para 2,16% no churn da base de 3G. Já a receita média por usuário (ARPU) ficou em US$ 30, contra US$ 35 no mesmo período do ano passado.

A companhia afirma que espera lançar ainda em 2014 serviços de LTE em outras cidades além do Rio de Janeiro, onde atua com a faixa de 1,8 GHz.  Ela espera poder utilizar o espectro de 800 MHz, atualmente com licença para uso de SME, para o 4G, operação que ainda precisa de crivo da Anatel. Mesmo com planos de expansão de cobertura, a Nii afirma que o Capex para 2015 deverá ser menor do que o de 2014.

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