A ZTE, que há cerca de duas semanas entrou no mercado de handsets no Brasil, teve sorte. Conseguiu trazer os componentes necessários para a montagem dos produtos no País e negociá-los com a TIM (que terá um prazo de exclusividade) e algumas lojas de varejo com o dólar entre R$ 1,60 e R$ 1,90, dias antes de estourar a crise que gerou uma alta da moeda americana. Apesar disso, a companhia já considera que para o Natal haverá uma demanda menor por celulares, em conseqüência do maior preço dos aparelhos, a não ser que as operadoras aumentem o índice de subsídio para compensar a alta do dólar e comercializar os aparelhos a preços "antigos". "O custo é em dólar e a previsão de compra e venda das operadoras também é toda baseada na moeda americana. Ou seja, para o consumidor final o preço deve subir para o Natal, se as operadoras não quiserem arcar com a diferença", analisa Bernardo Weisz, gerente de vendas da ZTE.
Soma-se ao maior custo, a dificuldade de obtenção de crédito que assola a economia mundial. Na visão de Weisz, o consumidor de baixa renda que opta por parcelar em diversas vezes a sua compra também será penalizado com parcelas mais caras, o que poderá afastar aquelas camadas mais sensíveis a preço. "O consumidor na ponta compra menos. Todos os fabricantes vão sofrer impacto no volume de vendas", diz ele. Para o futuro, a expectativa da ZTE também não é das mais otimistas. "O cenário não é bonito. Não mesmo. É difícil acreditar que isso é uma tempestade de verão". Apesar de considerar um menor volume de vendas para "todos os fabricantes" a ZTE oficialmente trabalha com a mesma expectativa de vendas anunciada há duas semanas: 500 mil unidades.
Na opinião de César Augusto Monteiro, consultor da Capgemini, o momento atual é de indefinição. Segundo ele, neste momento todas as companhias que importam, seja produto acabado ou componentes, estão esperando uma estabilização da moeda americana para tomarem alguma decisão. Ele lembra que se o dólar se estabilizar num patamar alto, algumas empresas podem até passar a produzir no Brasil. "Todo mundo está esperando estabilizar o cenário para o bem ou para o mal. Os importadores faziam operações de crédito e agora perderam a capacidade de se alavancar. Pode haver uma retração danada", acredita.
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