Embora muitas operadoras já estejam apostando no mercado de pagamentos móveis, não serão elas que dominarão esse segmento em longo prazo, segundo a Frost & Sullivan. "As teles estão puxando o mercado agora e vão ter um papel importante para o marketing desse segmento, mas não serão as donas das contas", disse a analista da empresa de análises, Carina Gonçalves, nesta terça-feira, 10, no evento Mobile Payments, em São Paulo.
Segundo estudos da consultoria, hoje as tecnologias mais usadas para transações mobile são o SMS, USSD e WAP, que possibilitam os serviços em quase qualquer tipo de celular. Elas são as mais utilizadas pelo foco das empresas estar na população de renda baixa, muitas vezes sem contas bancárias. Já a tecnologia de comunicação por proximidade de campo (NFC) está disponível somente em smartphones. Conforme a adoção de smartphones aumentar, os pagamentos por NFC também serão popularizados, e as instituições financeiras não vão mais precisar das operadoras para intermediar as transações.
No entanto, atualmente ainda existe uma confusão na área de pagamentos móveis sobre quais players realmente detêm o mercado e são donos dos clientes e contas. "Para o cliente final não está claro de quem virá o suporte ao serviço, se das operadoras ou das instituições financeiras. É um processo de grande readequação", disse André Gualda, analista do ConsumerLab, laboratório de pesquisas da Ericsson. "Nos Estados Unidos, isso também é incipiente, e as operadoras e bancos também estão confusos", complementou Gonçalves.
Segundo o advogado da Koury Lopes Advogados, Ricardo Higashitani, as instituições de pagamento vão deter os negócios por conta da regulamentação do setor. "Na minha visão, essa teoria vai acontecer por conta da regulamentação, que força que tudo precisa passar pela moeda, ela puxa tudo pela bancarização". Outro ponto discutido pelos especialistas é que a instituição de pagamento, por não poder oferecer outros serviços financeiros, é uma categoria ainda a ser descoberta.
