Para Cisco, inteligência artificial, segurança e redes devem caminhar juntas

Abertura do evento Cisco Live 2025, em San Diego, com Jeetu Patel, presidente e CPO da empresa

Na edição de 2025 do encontro anual Cisco Live para clientes da empresa, que acontece esta semana em San Diego, Estados Unidos, a mensagem principal da Cisco foi a importância de uma integração total entre as camadas de rede, de segurança e da infraestrutura de Inteligência Artificial.

Na visão da empresa, a chegada das aplicações avançadas de IA, sobretudo o ambiente dos Agentics AI (que podem ser definidos como assistentes inteligentes não-humanos que executam funções centrais nos processos produtivos) cria pressões de várias naturezas sobre a infraestrutura, seja no tráfego, seja nos riscos de segurança ou na necessidade de simplificação de processos de operação e supervisão das redes.

Em seu keynote de abertura do evento deste ano, Chuck Robbins, CEO da Cisco, lembrou que a empresa começou com o foco nas redes e progressivamente evoluiu para a camada de segurança e para a transição dos serviços. "Hoje, estamos entrando na era dos Agentics AI, e isso cria uma pressão tremenda sobre as redes e sobre a infraestrutura, além de uma preocupação permanente com segurança. Então, rede e segurança precisam estar completamente integradas".

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Ele também lembra que a tendência com a adoção massiva de IA é que data centers privados ganhem espaço, e que aplicações de IA sejam processadas cada vez mais de maneira local.

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Jeetu Patel, presidente e CPO, e Chuck Robbins, CEO da Cisco, durante conferência com analistas e imprensa no Cisco Live 2025

Ele comparou o momento atual de migração das empresas para a era da IA ao surgimento da Internet 30 anos atrás, mas com desafios maiores e que se colocam de maneira mais rápida, segundo Robbins.

"A rede é mais importante do que nunca para a IA generativa: todas as inovações dependem dessa rede estar preparada", disse.

Mas rede é um conceito amplo. Ela vai desde de a rede IP interna de escritórios e corporações até a rede pública de 5G e de banda larga que dá a base para a conectividade de todos os setores da economia. Perguntado por este noticiário se todas as camadas estão preparadas para essa nova realidade, e como cada ator pode explorar esse momento, Chuck Robbins disse que existe uma oportunidade gigantesca para empresas de telecom.

"Elas têm uma infraestrutura de 5G, de banda larga, essencial, mas não estão tendo o retorno com esse investimento. Elas podem ter com Inteligência Artificial, provendo essa capacidade segura, porque isso é uma necessidade", disse Robbins, na conferência com imprensa e analistas, após pergunta da TELETIME.

IA para segurança

A Cisco anunciou uma série de lançamentos de produtos durante o evento, quase todos com o foco em ampliar a integração entre camadas de rede e segurança, na simplificação dos processos com a integração de processos, e sobretudo na camada de Inteligência Artificial voltada ao ambiente de TI.

Uma das principais novidades foi um modelo de IA voltado para supervisionar redes e aplicações de segurança: a AgenticOps, baseada no Deep Network Model que a Cisco desenvolveu especificamente para as tarefas relacionadas a garantir segurança em operações baseadas em Agentics de AI.

Outra preocupação trazida pela Cisco é o desafio de simplificação dos processos dentro das empresas. A visão da companhia é que acompanhar tudo o que está acontecendo dentro de uma corporação na era da inteligência artificial é um desafio ainda maior para as equipes de TI. Somando isso aos desafios de observabilidade, monitoramento e coleta de insights das redes, a tarefa ganha uma nova dimensão de complexidade.

Outro dos produtos anunciados é o AI Canvas, que é uma interface construída a partir de prompts de AI que coletam informações em tempo real de diferentes ferramentas de gerenciamento da rede e dos sistemas de segurança, montando painéis de monitoramento em tempo real.

Processamento

A Cisco tem surfado nos últimos anos também na onda de processadores voltados para Inteligência Artificial. Seu processador, o Silicon One, é o único processador externo utilizado nos sistemas de GPUs da NVIDIA, em uma parceria que já tem alguns anos, mas que a Cisco fez questão de enfatizar durante o Cisco Live, com uma evolução. Essa integração de arquiteturas, que até aqui se aplicava a data centers de grande porte dos hyperscalers, vai para outros níveis.

Segundo Jeetu Patel, presidente e principal executivo da divisão de produtos da Cisco, o problema de processamento e segurança de IA deixa de ser dos hyperscalers e passa a ser dos 'neocloud providers' (novos provedores de serviços de cloud) e dos services providers (provedores de rede), e também das próprias corporações.

Segundo a empresa, o processamento de tráfego de rede dentro de data centers é um desafio cada vez mais complexo. Por isso, equipamentos que até então tinham capacidade de processamento limitada e dedicada, como roteadores e switches, agora ganham uma capacidade "smart", com processamento avançado e programável, sendo capazes de executar outras tarefas, como funções de segurança nativa e AI.

O jornalista viajou para San Diego a convite da Cisco.

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