Principal divisão da Oi, a Oi Soluções está ampliando a aposta em cibersegurança e quer tornar o segmento em um novo alicerce de negócios. Durante a Febraban Tech 2025 iniciada nesta terça-feira, 10, a unidade apresentou um serviço de bug bounty – que aplica um modelo de recompensas para identificação de falhas cibernéticas por "hackers do bem".
A oferta lançada oficialmente já estava em fase de "soft launch" e provas de conceito desde o início do ano, como fruto de parceria com a IPV7.Group e a HuntersPay. Ao TELETIME, o diretor de produtos e marketing da Oi Soluções, Renato Simões, classificou a abordagem como pioneira por parte de uma empresa de grande porte como a tele.
No modelo de bug bounty, os chamados "hackers do bem" identificam vulnerabilidades em sistemas corporativos, aplicativos e infraestruturas críticas, antes que as mesmas sejam exploradas por cibercriminosos. Ao encontrar e reportar as falhas, os profissionais são recompensados financeiramente.
Parceira da Oi Soluções na oferta, a HuntersPay (parte do IPV7.Group) já atende cerca de 50 empresas com os serviços, sobretudo provedores de banda larga. Para tal, a empresa conta com comunidade de mais de 500 "hunters" (caçadores), em equipe que cresceu cerca de 200 pontos nos últimos meses, segundo Ataíde Junior, sócio-diretor e CISO da IPV7.
Para a Oi Soluções, a oportunidade é levar os serviços à sua carteira de clientes, que soma mais de 43 mil empresas. O principal foco do novo serviço (batizado como VulneraPro) é o segmento bancário, aponta Simões – dando como exemplo a verificação de vulnerabilidades no lançamento de aplicativos.
A estratégia
O movimento faz parte de uma estratégia mais ampla da Oi, que está ampliando a aposta em cibersegurança por vislumbrar a área como um novo "pavimentador" de negócios, no lugar outrora ocupado pela conectividade. Na nova configuração da empresa, a segurança cibernética formaria um "tripé" estratégico ao lado de cloud e da governança da inteligência artificial.
Em um ano, a Oi Soluções ampliou em 20% o portfólio de cibersegurança, inclusive ao lado de um ecossistema "gigantesco" de parceiros que passa por IBM, AWS, Fortinet, Tenable e Tenchi Security, nota Simões. A receita com os serviços também estaria crescendo, com alta de 38% apontada em um ano (a empresa não detalha os valores).
O crescimento no segmento estaria ocorrendo mesmo com abordagem comercial "seletiva" da unidade, como reportado nos últimos balanços da Oi. A estratégia da Oi Soluções tem sido mais focada na exploração da carteira atual do que na prospecção ativa de novos clientes, aponta Simões.
Vale lembrar que, ao longo dos últimos anos, a Oi realizou uma série de vendas de ativos de telecomunicações, operando hoje como uma empresa sem infraestrutura própria. Segundo Renato Simões, o arranjo tem inclusive permitido que a Oi Soluções entregue redes de terceiros como parte das ofertas corporativas, dentro de produtos como o SD-WAN.
"As operadoras enxergam a rede como asset [nas ofertas B2B], já a Oi Soluções entrega a rede como parte da solução, e não como um ativo. Não estamos presos na nossa rede e aprendemos a trabalhar com a rede de terceiros", afirmou.