Apesar das obrigações relacionadas à implantação das redes 5G, a intensidade dos investimentos das operadoras deve continuar diminuindo, estima a agência de classificação de risco Fitch Ratings, em relatório sobre as condições financeiras do setor divulgado na última segunda-feira, 9.
Por outro lado, a agência projeta que as empresas de telecom continuarão reportando "fortes tendências de crédito", em função da "consolidação [do setor] e pelo aumento contínuo da demanda no relevante mercado de telefonia móvel".
Para a Fitch, os investimentos na telefonia móvel vêm sendo otimizados por fatores como "equilíbrio na alocação de espectro", transição dos desembolsos do 4G para o 5G, desativação de redes legadas (2G e 3G) e expansão de serviços digitais, que exigem um menor volume de recursos.
Neste cenário, a agência aponta que o índice investimento/vendas deve permanecer na faixa de 14% a 17% nos próximos anos, ante 22,2% em 2022 e 17,5% em 2024. Vale notar que em 2024, os investimentos das principais teles do setor tiveram queda real de 5%.
"A redução das necessidades de investimentos nos próximos anos permitirá que as empresas do setor mantenham perfis financeiros robustos e ampliem ainda mais sua flexibilidade financeira", afirma a agência de rating.
Receitas em alta
No relatório, a Fitch ainda afirma que as três operadoras de porte nacional – Claro, TIM e Vivo – continuam se beneficiando da saída da Oi do mercado móvel, movimento que ocorreu em 2022.
Além disso, a agência ressalta que as operadoras têm evitado entrar em uma intensa concorrência de preços, optando por elevar as receitas por meio da monetização da base de clientes existente, redução do churn (taxa de cancelamento) e aumento do valor vitalício do cliente (CLV, na sigla em inglês).
"As estratégias incluem o uso de scores de crédito para incentivar a migração de clientes para planos superiores e a oferta de pacotes que combinam serviços de telefonia móvel com banda larga de fibra óptica residencial e descontos em serviços de streaming", destaca, em trecho da análise sobre o mercado de telecom.
A Fitch também salienta que o aumento da receita média por usuário (ARPU) tem sido sustentado pela migração de clientes de planos pré-pagos para modalidades pós-pagas.
Serviços fixos
No caso dos serviços fixos, a Fitch projeta que as operadoras devem continuar investindo em redes de fibra, tendo em vista que os pacotes de serviços, incluindo combos com móvel, aumentam a retenção de assinantes.
Em uma visão geral de mercado, a agência também indica que um movimento de consolidação entre provedores de serviços de Internet (ISPs) pode "elevar a competitividade por meio de reduções de custos e expansão da base de clientes".
A Fitch ainda diz que o mercado de TV por assinatura deve seguir em declínio, em função da ampliação do acesso a decodificadores ilegais e serviços de streaming.
Além disso, na avaliação da agência, a Vivo e a Claro serão beneficiadas pela migração do serviço de telefonia fixa do modelo de concessão para o de autorização. No caso da Telefônica especificamente, ainda estima um valor presente líquido (VPL) de R$ 4,5 bilhões em dez anos, com os compromissos de investimento sendo compensados por iniciativas de redução de custos, vendas de imóveis e de 120 mil toneladas de cobre.
"Os perfis de crédito das operadoras de telecomunicações brasileiras classificadas pela Fitch são sustentados por suas fortes posições de liquidez, pela baixa alavancagem e pela reduzida exposição cambial", assegura a agência de rating.