A Telefónica planeja o lançamento de seu próprio serviço over-the-top na Espanha no próximo mês, mas a estratégia da companhia continua ligada à oferta de convergência. Como há menor penetração da TV paga naquele país, a companhia entende que o serviço poderá "capturar oportunidades", mas sem matar a TV por assinatura, conforme declarou em teleconferência de resultados trimestrais nesta sexta, 10, o COO da companhia, Ángel Vilá.
A questão é que o mercado espanhol tem baixa penetração da TV paga comparada à média europeia, segundo o executivo. São entre 35% e 45% na Espanha, contra 60% a até quase 100% de penetração na Europa, segundo Vilá. "Vemos uma oportunidade de crescimento", declara.
Assim, o executivo ressalta que as duas ofertas continuarão convivendo."Vemos zero risco de canibalização. Isso não tira o valor de nossa oferta Fusión [de convergência], pois não inclui futebol, funcionalidades ou possibilidades de add-ons", afirma. A ideia é capturar uma parte complementar da oportunidade de crescimento que a companhia vê no mercado.
Vilá reiterou que o lançamento da plataforma em junho não mudará a abordagem com a TV paga. Ele explica que o serviço Movistar Plus tem mais de 8 milhões de audiência diária, crescendo 8%, e com o consumo de mais de 200 minutos por dia. Ressaltou ainda que a oferta de TV é convergente e melhora a lealdade do consumidor, com churn 25% abaixo. O serviço OTT custará 8 euros e incluirá período de testes para usuários.
Cenário brasileiro
Em comparação, a TV paga no Brasil possui um cenário diferente. Segundo pesquisa recente da Amdocs, as OTTs estariam presentes em 39% dos lares com TV no País – sendo que há ainda uma média de 1,3 serviços do tipo em uso por cada uma delas – enquanto a TV paga aparece em 26% desses domicílios.
Além disso, a estratégia da Telefônica/Vivo é diferente do que a matriz espanhola está promovendo: a companhia tem procurado se tornar uma espécie de "hub de OTTs", mas com uma estratégia mais focada na possibilidade de consumir o conteúdo em várias telas. A operadora continua investindo na implantação de fibra, com crescimento no IPTV, enquanto procura reduzir o foco na tecnologia DTH. E há ainda a questão da Lei do SeAC, que poderá ser modificada, conforme um dos itens da agenda legislativa apresentada pela Anatel em abril.