Nio nasce com 4 milhões de clientes e nova proposta no mercado de banda larga

Marcio Fabbris, CEO da Nio

A empresa independente voltada à oferta de serviços de banda larga do grupo V.tal ganhou vida própria e tornou sua estratégia pública nesta segunda, dia 10. A nova empresa, que incorpora os quase 4 milhões de clientes da Oi Fibra, vai se chamar Nio, e será comandada por Marcio Fabbris. A empresa terá vida separada da operadora de redes neutras V.tal e da empresa de data centers Tecto, apesar do controlador comum (BTG).

Segundo Marcio Fabbris, em conversa com este noticiário, apesar de ter origem na operação da Oi Fibra, adquirida no final do ano passado, a NIO mostrará uma abordagem diferente com o tempo, se caracterizando como uma operadora digital, mesclando as qualidades da operação atual com uma visão nova em relação a produtos e relacionamento com o cliente.

"Entendemos que hoje nem todos os consumidores de banda larga estão satisfeitos com o modelo atual em que os serviços são oferecidos, que basicamente é o mesmo há 20 anos. Há muito espaço para inovação, ainda mais em uma segunda onda tecnológica que se desenha", diz ele, em referência a tecnologias de Wi-Fi, casa conectada, serviços digitais, casa conectada etc. "Na economia como um todo vários setores estão sendo abalados por modelos digitais. Mas os provedores de fibra nunca foram muito disruptivos. Nossa proposta é ser uma operadora simples e inovadora", disse Fabbris. 

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Valor agregado

Essa será uma das apostas da Nio: a oferta de mais valor pelos serviços de banda larga. Isso inclui a oferta de serviços de streaming, serviços digitais e até mesmo serviços móveis por meio de uma MVNO, que devem aos poucos serem incorporados ao portfólio de banda larga. "Não estamos olhando para a possibilidade de comprar frequências nem nos tornarmos operadores móveis tradicionais, mas estamos olhando modelos de operação por meio de operadoras virtuais para complementar o portfólio".

A empresa terá representações regionais, mas não deve ter lojas próprias: a venda será digital e possivelmente por meio de parcerias. Isso é possível porque toda a operação de instalação é terceirizada para a operadora de rede neutra sobre a qual a NIO está baseada (a V.tal).

Segundo ele, o fato de ser uma operadora sem rede própria abre novas possibilidades. "Como não estamos preocupados com o investimento na rede, nem em cuidar da infraestrutura, nosso foco será 100% nos serviços". Fabbris diz que nas projeções financeiras realizadas, o negócio é bastante atrativo numa operação sobre rede neutra. "Teremos uma margem na casa de dois dígitos e nascemos com uma base relevante e um balanço limpo", diz ele, em referência ao fato de que as dívidas que a Oi Fibra carregava deixaram de existir na operação de venda da ClientCo.

A receita média da Oi Fibra estava na casa dos R$ 98. "Hoje o mercado é muito competitivo, temos concorrentes em todas as nossas quase 300 cidades. Os preços que muitos praticam são insustentáveis e deve haver uma onda de concentração. Nós não vamos entrar em guerra de preço, nossa proposta é outra. Mas também não vamos deixar de ser competitivos", diz Fabbris. A prioridade da empresa é ampliar a presença onde já estão e conquistar clientes de outras operadoras que estejam insatisfeitos.

Foco em tecnologia

Sem uma rede própria de fibra para se preocupar, Fabbris diz que o foco tecnológico será em melhorar os sistemas para ampliar a oferta de serviços e melhorar o relacionamento. Ele lembra que o acordo com a V.tal para uso da rede não prevê exclusividade e que no futuro a NIO poderá usar rede de outros parceiros, mas neste momento o foco é melhorar os serviços dos atuais clientes e ampliar a presença nas praças que a empresa já está. "Nesse momento teremos muito a nos ocupar com os mercados em que estamos e com a melhoria dos nossos sistemas. Operar com mais de um provedor (de rede neutra) requer um esforço de integração e essa não é nossa prioridade agora". 

As mudanças, inclusive a apresentação do novo portfólio e da nova marca aos assinantes, serão escalonadas, e serão sentidas no médio prazo, diz Fabbris; ele considera que a empresa tem hoje níveis controlados de churn. "Isso não nos preocupa. Temos uma operação forte e um compromisso de longo prazo com essa operação", diz. 

PMEs

Outro mercado em que a NIO espera crescimento é o de pequenas e médias empresas. "Vemos muita sinergia e oportunidades nesse segmento e sem dúvida será uma das áreas que vamos priorizar, inclusive com uma estrutura dedicada a isso".

A equipe da NIO será um híbrido entre a equipe da Oi Fibra e muitos profissionais de liderança vindos de outros setores, como locação de veículos, setor financeiro, marketplaces digitais e experiência em empresas internacionais, diz Fabbris.

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