Anatel avalia impacto de expansão da Starlink na soberania digital do Brasil

Foto: Divulgação/Starlink

A Anatel vai avaliar os impactos da expansão do sistema de satélites da Starlink sobre a soberania digital e a segurança de dados do Brasil, inclusive em cenários de interrupção unilateral dos serviços e de operação da infraestrutura fora da jurisdição nacional.

A empresa de Elon Musk busca licença para operar mais 7,5 mil satélites no País, em adição aos 4,4 mil que já estão autorizados desde 2022. O pedido de ampliação é relatado pelo conselheiro Alexandre Freire na agência reguladora de telecomunicações, que já adiou a apreciação do tema em 2025.

Já na última sexta-feira, 7, Freire enviou à área técnica da Anatel uma solicitação adicional de "informações técnicas e regulatórias sobre os impactos da expansão do sistema Starlink no Brasil", com atenção para questões de soberania digital.

Notícias relacionadas

Freire solicitou, por exemplo, uma avaliação da possibilidade da Starlink operar sem a necessidade de integração com redes de backbone nacionais, resultando em um roteamento direto do tráfego brasileiro via satélites de maneira a ficar "fora da jurisdição nacional".

O conselheiro da Anatel também indaga sobre a capacidade de fiscalização e controle regulatório da agência caso essa operação fora da jurisdição brasileira se confirme. "Quais os potenciais impactos dessa dinâmica sobre o enforcement para observâncias das normas brasileiras e o alinhamento estratégico do serviço com os interesses nacionais?", questiona Freire, à área técnica da Anatel.

Adicionalmente, o conselheiro pede uma análise análise do potencial uso da infraestrutura da Starlink como instrumento de pressão em contextos de crises geopolíticas ou disputas comerciais, incluindo o risco de interrupção unilateral da prestação do serviço no Brasil.

Freire ainda solicita uma avaliação da exposição a riscos de monitoramento por parte de terceiros, incluindo governos estrangeiros, a partir da operação da frota.

Por último, ele também pede a identificação dos riscos associados ao processamento e armazenamento de dados sensíveis de cidadãos, empresas e órgãos públicos em servidores localizados no exterior, em observância à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Os pedidos de Alexandre Freire foram enviados às superintendências de outorgas e recursos à prestação e planejamento e regulamentação da Anatel. O conselheiro fixou um prazo de 15 dias para as respostas, a partir da sexta-feira, 7.

Escrutínio

Como já apontado por TELETIME, a atuação política de Elon Musk no novo governo liderado por Donald Trump nos Estados Unidos se tornou um elemento relevante nas operações da Starlink, que tem enfrentado rompimento de contratos e escrutínio por parte de alguns países.

No Brasil, a operadora de satélites encerrou o último mês de janeiro com pouco mais de 330 mil assinantes. Com a segunda geração (Gen2) da Starlink, a empresa espera desafogar áreas que já estão com excesso de usuários e também abrir caminho para novas funcionalidades, o que inclui a conectividade direta aos smartphones.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!