A TIM entende que o investimento necessário para implantação de uma rede 5G no padrão standalone (ou seja, sem depender de core de rede 4G) é praticamente o mesmo de uma rede não standalone (NSA). Por isso, a operadora reitera o apoio à proposta do edital colocada pela Anatel, com requerimento para adoção do Release 16 do 3GPP. Ainda mais considerando que, como o cronograma estabelecido prevê a liberação da faixa de 3,5 GHz apenas no segundo semestre de 2022, haverá tempo suficiente para que equipamentos para redes Standalone (SA) estejam mais estabelecidos no ecossistema global.
Durante teleconferência de resultados de 2020 e em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 10, a companhia deixou claro que apoia a modelagem do edital proposta no relatório do conselheiro Carlos Baigorri. "No final de 2022, o SA vai ficar um padrão para ter todos os serviços que estamos discutindo em IoT e ecossistema", declarou o presidente da TIM, Pietro Labriola. "Não há diferença no nível do Capex na escolha entre SA e NSA."
O CTIO da operadora, Leonardo Capdeville, detalhou que, desde a aprovação do Release 16 em junho do ano passado, todas as novas redes 5G estariam sendo lançadas em configuração standalone, citando casos da T-Mobile nos Estados Unidos e em outras teles na China. "Se vai liberar em 2022, não faz sentido começar com legado, o investimento entre um e outro é exatamente o mesmo", declara.
Capdeville afirma que, conforme informações do mercado, da controladora Telecom Italia e de contratos já assegurados, 90% do Capex será na rede de acesso, no rádio. "É falso afirmar que a rede standalone vai custar mais caro", declara. "É o mesmo investimento no SA e NSA, a diferença é apenas no software, então não tem que aumentar o preço nessa implantação". coloca.
Core de rede
A diferença entre as tecnologias é justamente no core de rede, e para a TIM isso é outra questão que pode trazer benefícios. Os demais 10% do Capex seriam para essa arquitetura, mas esse investimento seria melhor alocado no novo core, conforme explica Capdeville. "A modelagem que temos é que eu pago na medida em que usamos o core. Então tenho que pagar mesmo não sendo SA, porque tudo isso é no software. Da nossa perspectiva, ter um core independente para o 5G é uma enorme vantagem, porque em vez de pagar licença em core já existente, prefiro negociar um novo core."
Há ainda as perspectivas do que pode ser feito. O executivo lembra que o padrão standalone pode permitir novos fluxos de receita e modelos de negócio por meio do baixa latência, fatiamento de rede (network slicing) e conectividade massiva de Internet das Coisas. E isso permitiria um maior retorno sobre o investimento feito na própria aquisição da frequência. "No nosso ponto de vista, não é que o SA é mais caro, é o mesmo preço porque abre espaço para novas receitas, sai do lock-in [de infraestrutura legada] e pode ter mais oportunidade."
Liberação
Conforme destaca o Leonardo Capdeville, a exigência da Anatel é de cobertura mínima em 50 MHz de espectro contínuo, o que só poderia ser feito na faixa de 3,5 GHz nas condições de disponibilidade atuais. "Isso não tem nada a ver com SA ou NSA", diz. "Talvez alguma empresa estivesse arquitetando fazer um 'gol de mão' para usar outra tecnologia ou espectro para isso", alfineta.
Mesmo considerando o cenário de uma eventual disponibilização do espectro nas capitais logo após a assinatura dos contratos (caso a proposta de Baigorri seja modificada), o entendimento de que a liberação é benéfica, e não muda a equação.