ZTE quer oferecer rede as a service para provedores pequenos de LTE

Na expectativa do leilão de sobras, ainda em 2015, muitos provedores regionais (ISPs) não haviam se preparado para montar a operação de banda larga usando o LTE na faixa de 2,5 GHz. O certame transcorreu no ano seguinte, e, mesmo assim, a complexidade da operação continua sendo um obstáculo para muitas empresas. Após um período de presença mais tímida no mercado nacional, a chinesa ZTE voltou justamente com uma estratégia de ofertar para os ISPs soluções de "rede as a service". O conceito é uma espécie de outsourcing de infraestrutura que traz como vantagem a redução de custos e a possibilidade de compartilhar ativos e estruturas mais custosas, como o core de rede.

De acordo com o gerente de pré-vendas da ZTE, Tarcísio Pilati, a fornecedora fechou parceria com uma empresa (ainda sem poder revelar nome) para prover a solução junto às empresas, mas a estratégia já rendeu "alguns contratos" com ISPs. "Eles acreditam que a maioria das movimentações deve ocorrer no segundo semestre porque, para quem comprou espectro sem pendências e já foi homologado pela Anatel, (o prazo) até dezembro deste ano para implantar rede cumprindo as metas", declara. Os que apresentaram pendências que foram revistas terão um prazo maior, para até 2018.

Ele explica que os provedores ainda estão estudando a melhor forma de implantar a tecnologia LTE, ainda que reticentes por conta de um investimento inicial "tipicamente maior do que estão acostumados com o Wi-Fi" e com necessidade de cronogramas de reembolso e retorno diferentes. "Eles estão analisando criteriosamente e aguardando as primeiras movimentações do mercado, vendo como os ISPs iniciais vão se estabelecer", diz.

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Pilati reconhece que nem todos os ISPs estão nesse contexto; alguns já sabiam o que fazer para montar a operação, inclusive preferindo fazer isso tradicionalmente, montando eles mesmos a infraestrutura. Mas na visão do representante da fornecedora chinesa, a oferta de rede as a service é interessante para o pequeno provedor por causa principalmente do core de rede. "Na rede LTE, mesmo que seja um único site, tem que ter núcleo de rede, e ele custa caro. Dependendo do preço e como é montado uma ERB de acesso, pode ser de seis a dez vezes o preço do site", declara. "Quando contrata as a service, você paga só um pedaço do core, que pode atender cem sites tranquilamente." Assim, o ISP contra apenas os recursos necessários, diluindo o investimento ao longo do tempo e voltando atenções para conquistar clientes "sem que ele tenha que focar na criação de uma rede totalmente nova com tecnologia bastante avançada e que eles ainda teriam que se acostumar".

O leilão vendeu outorgas nas bandas T e U leiloadas com 15 + 35 MHz de capacidade – alguns compraram todo o espectro disponível, outras só um dos dois. Há ainda 5 MHz na faixa de 1,9 GHz. Todas usarão a tecnologia TDD-LTE, como é o caso na oferta de banda larga da Sky e da On Telecom. E, assim como essas duas empresas, vão operar com licença de serviço de comunicação multimídia (SCM), oferecendo banda larga fixa, mas com mobilidade restrita (sem roaming ou garantia de handover para outra célula). Inicialmente deverão complementar a outras tecnologias, como a fibra até a residência (FTTH), que também é outro segmento na qual a ZTE investe, mas com participação já mais estabelecida. Pilati prevê que, no futuro, os ISPs vão também usar essa infraestrutura para oferecer conexões de baixo consumo LPWA para Internet das Coisas, como LTE-M ou NB-IoT.

Além do mercado de FTTH, que com infraestrutura GPON é o carro-chefe da companhia no Brasil, uma das grandes apostas da ZTE, a companhia também é fornecedora das caixinhas para a TV digital. A companhia ganhou um primeiro RFP da entidade do switch-off Seja Digital com a própria marca, atuando com um parceiro em um segundo RFP dos conversores. "Através do parceiro, temos pelo menos 50% desse mercado", afirma Pilati. Por outro lado, a fornecedora continua aberta às grandes operadoras. Segundo o representante da empresa, apesar da crise, a companhia conseguiu bom desempenho em 2016 e espera melhorar os negócios neste ano.

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