Para o vice-presidente de relações internacionais da AT&T, Karim Lesina, os desafios regulatórios para o setor de telecomunicações são muito parecidos em qualquer realidade que se olhe hoje no mundo. Para ele, existe uma situação de assimetria regulatória e competitiva com empresas provedoras de serviços over-the-top que é um fato a ser constatado e observado. "Não estou dizendo que os países devam regular os serviços OTT, mas é preciso assegurar aos operadores tradicionais condições de equilíbrio, porque a competição com os OTT é um fato", disse Lesina, que participou nesta terça, 10, do Seminário Políticas de (Tele)Comunicações, organizado conjuntamente pela TELETIME e pelo Centro de Estudos de Políticas de Comunicações da Universidade de Brasília.
A solução para esse impasse, e para não tornar o mercado excessivamente regulado, é reforçar a atuação regulatória ex-post, ou seja, depois que surgem os problemas, em vez de buscar soluções ex-ante, que prevejam situações problemáticas. "A nossa vida mudou substancialmente depois de 29 de junho de 2007. Foi o dia em que o primeiro iPhone entrou em operação na nossa infraestrutura e isso mudou completamente o ambiente com que temos que lidar".
Ele pontua que uma coisa é antecipar crescimentos de tráfego em situações conhecidas, como grandes eventos. A outra é conseguir preparar a infraestrutura para serviços e comportamentos completamente novos. "Apesar de termos 109 milhões de dispositivos M2M na nossa rede, não temos ideia do que virá com a Internet das Coisas." Apesar disso, a AT&T lembra (como costumam fazer as empresas de telecom) que é hoje a empresa que mais investe em infraestrutura nos EUA individualmente (são cerca de US$ 20 bilhões por ano) . "Das poucas certezas que podemos ter é que qualquer que seja a demanda do futuro, as redes serão necessárias. Para isso, ter investimentos é essencial, e isso só vem com estabilidade regulatória. A questão do espectro é um grande desafio, e as políticas de licenciamento devem buscar prazos mais longos e ter menos restrições tecnológicas. E é preciso ganhar, ao final, ter serviços e qualidade que garantam a confiança do consumidor", disse ele, pontuando aqueles que são vistos pela AT&T como os desafios regulatórios globais.
Lesina foi muito crítico em relação às políticas de neutralidade que estão sendo colocadas em países, especialmente EUA. "Não dá para querer neutralidade para fomentar a inovação e a competição de um lado e impedir a inovação e o investimento do outro". Para ele, mesmo que haja hoje um processo de concentração entre infraestruturas, um ambiente com espaço para investimento faria.