Ainda em novembro do ano passado, em evento para investidores, a Ericsson anunciou uma estratégia revisada para a área de sistemas de suporte de negócios (BSS) para 2019, incluindo aumento de investimentos em plataformas estabelecidas, e reiterando foco na plataforma de gestão de receitas apenas para cumprir compromissos com clientes. Isso porque o desempenho em BSS da empresa em 2018 foi insatisfatório a ponto de comprometer toda a área de serviços digitais, impedindo o turnaround pretendido.
Até então, a Ericsson procurava projetos grandes de transformação baseados em soluções pré-integradas, incluindo o desenvolvimento de uma plataforma BSS de próxima geração, a de gestão de receitas. "A estratégia não foi bem sucedida até o momento e o full-stack Revenue Manager não gerou qualquer receita", declarou a fornecedora sueca nesta quinta-feira, 10.
A demanda antecipada pela companhia não aconteceu, e atrasos no desenvolvimento de produtos e funções relacionados à plataforma a deixaram menos competitiva. Os recursos de pesquisa e desenvolvimento em BSS estavam direcionados ao produto, o que levou a mais atrasos em lançamentos de produtos já estabelecidos. "Além disso, certos projetos complexos de transformação tiveram atrasos e expansão de custos." Embora já tenham feito ações para melhoria de desempenho e eficiência, com redução de custos e metade dos 45 projetos críticos e não estratégicos já endereçados, o desempenho do segmento de BSS não mostrou "progresso satisfatório" e comprometeu a meta de lucratividade da área.
Agora, a Ericsson corre para reajustar sua estratégia, focando em portfólio existente de billing, cobrança, mediação e outras funções de gestão que já contam com uma grande base instalada. Além disso, desde 2017, a companhia procura selecionar os projetos grandes de transformação para que sejam endereçáveis apenas por produtos que já possui. Com o novo planejamento, a empresa espera reduzir as perdas na área de BSS já em 2019, colocando o segmento de serviços digitais em um "caminho forte para conseguir a meta de margem operacional de baixo dígito único (excluindo reestruturação) em 2020", segundo a fornecedora. Até 2022, deverá atingir patamar de 10 a 12%.
Porém, a decisão de medidas adicionais para alavancar essa reestruturação deverão provocar aumento na provisão de custos, gerando impacto no lucro operacional de 6,1 bilhões de coroas suecas (US$ 687,7 milhões) no quarto trimestre de 2018, também refletindo na margem bruta. Desse total, 3,1 bilhões (US$ 349,5 milhões) seriam devido a mudanças específicas da reestruturação. Mais 1,5 bilhão de coroas suecas (US$ 169,1 milhões) deverão ser gastos em 2019 relacionadas a outras medidas planejadas, incluindo redução de quadro profissional.
A companhia reafirma que o foco em simplificar e estabilizar os negócios nos primeiros três trimestres de 2018 resultou em margens brutas maiores, com uma receita bruta estável. A empresa procura endereçar áreas com baixo desempenho enquanto cria plataformas para crescimento futuro, avaliando ter conseguido "progresso sólido" na maior parte das áreas de portfólio. A plataforma Ericsson Digital BSS deverá receber investimentos para deixá-la pronta para novos negócios relacionados a 5G e IoT, incluindo tecnologia nativa de cloud e microsserviços. Capacidades do Revenue Manager deverão ser adicionadas no portfólio já existente.