No Carnatal, Alares promove vitrine de potencial do Wi-Fi 7

Carnatal 2024. No canto superior direito, um equipamento Wi-Fi 7. Foto: Divulgação/Alares

A operadora de telecom Alares utilizou a cobertura do Carnatal, em Natal (RN), para demonstrar as capacidades da tecnologia Wi-Fi 7, especialmente no atendimento de grandes eventos. O projeto também serviu como vitrine do potencial da tecnologia entre ISPs, em meio ao debate sobre o futuro do Wi-Fi em 6 GHz no Brasil.

A edição de 2024 do carnaval fora de época reuniu mais de 100 mil foliões durante três dias na capital potiguar, sendo encerrada neste último domingo, 8. Além de patrocinadora da 33ª edição da micareta, a Alares foi a responsável pela infraestrutura de conectividade do evento, realizado em um circuito no entorno da Arena das Dunas. 

"A ideia foi fazer um showroom do que os ISPs podem fazer com o Wi-Fi 7", afirmou ao TELETIME o CEO da Alares, Denis Ferreira. De acordo com a empresa (que também está anunciando a chegada da tecnologia no mercado residencial), esta é a primeira implementação do Wi-Fi 7 em um evento de grande porte realizada no País. 

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Para tal, foram empregados 72 rádios com Wi-Fi 7, incluindo 60 ONTs (terminais de rede óptica). Huawei e Ubiquiti foram as fornecedoras dos equipamentos, voltados ao mercado B2B. Cerca de 8 km de rede óptica também foram empregados no evento, potencializados pela adoção da tecnologia XGS-PON recém-concluída pela Alares em Natal.

Desafios e espectro

A infraestrutura suportou atividades da produção do Carnatal, dos pontos de venda em operação no evento e das emissoras de TV e produtores de conteúdo que transmitiram ao vivo a passagem dos trios elétricos. Uma rede Wi-Fi aberta ao público também foi disponibilizada, com autenticação através do escaneamento de um QR code. 

A escolha do Carnatal para o piloto ocorreu por conta do cenário tecnologicamente desafiador, marcado pela alta densidade de dispositivos, por múltiplas transmissões simultâneas e também por interferências causadas até mesmo pelos caminhões de som dos artistas, explicou o CTO da Alares, Décio Feijó. 

O cenário complexo foi uma oportunidade para a utilização da Operação Multi-Link (OML), considerada uma das principais vantagens trazidas pelo Wi-Fi 7. A função permitiu que os dispositivos Wi-Fi utilizassem múltiplas bandas de frequência simultaneamente: o 2,4 GHz, o 5 GHz e o 6 GHz – ou as faixas atualmente disponíveis para uso não licenciado.

No caso do 6 GHz, o espectro tem sido pivô de uma disputa entre ISPs e operadoras móveis sobre o futuro da faixa, hoje destinada em sua totalidade para a operação do Wi-Fi. A Anatel tem trabalhado para dividir o espectro e direcionar parte da capacidade para a indústria móvel, mirando um futuro incremento das redes 5G e a chegada do 6G.

A Alares, contudo, vê a postura na contramão da agenda pró-competição promovida pela reguladora. "Defendemos a manutenção da faixa de 6 GHz [para o Wi-Fi]", resumiu Denis Ferreira, ao TELETIME. Para o CEO, as operadoras móveis já possuem muito espectro, ao passo que entre provedores, o insumo é um gargalo para a entrega de maiores velocidades.

Para Décio Feijó, a Anatel poderia estar estudando mais espectro para o Wi-Fi, e não menos. A liberação do uso outdoor da faixa de 6 GHz também é considerada necessária. Hoje, o Brasil permite equipamentos na configuração indoor e com baixa potência. Com o outdoor liberado, seria possível cobrir o mesmo raio do Carnatal com uma quantidade bem menor de rádios, exemplifica Feijó.

O evento também seria uma demonstração da relevância das velocidades simétricas de download e upload – sobretudo após o alto volume de vídeo "subido" pelos foliões nas redes sociais, observou o CTO da Alares. A empresa tem incluído essa bidirecionalidade em suas ofertas de Wi-Fi 7 para o mercado corporativo e vislumbra o horizonte no residencial.

Medições da rede no Carnatal acompanhadas por TELETIME no segundo dia da micareta (no sábado, 7) apontaram velocidades 1,5 Gbps no download e 1,6 Gbps no upload em um smartphone já preparado para o Wi-Fi 7. Em outro dispositivo com suporte para Wi-Fi 6E, o download ultrapassou 1,1 Gbps, com upload na casa dos 700 Mbps.

Competição com rede móvel

Na soma dos fatores, a avaliação da Alares é que, com as condições ideais, os provedores de Internet podem no futuro rivalizar com as redes móveis a partir do Wi-Fi 7, afirma Denis Ferreira. Seja na cobertura de grandes eventos ou viabilizando novos modelos de negócios baseados em Wi-Fi.

Mas há ainda um gargalo representado pelos aparelhos. No mercado de smartphones, a disponibilidade do Wi-Fi 7 e mesmo do Wi-Fi 6E ainda é restrita aos smartphones com valor mais elevado. As capacidades de gerenciamento da rede, por sua vez, poderiam beneficiar usuários de qualquer dispositivo, nota o CTO Décio Feijó. 

Já no caso dos rádios, a avaliação é que o mercado "pulou" o Wi-Fi 6E após o padrão não deslanchar em termos de escala, partindo diretamente para o Wi-Fi 7 – onde a disponibilidade de equipamentos tem crescido. Além dos produtos da Huawei e Ubiquiti empregados no B2B, a Alares vai utilizar caixa da ZTE em sua nova oferta para o mercado residencial. Hoje ela teria custo estimado de R$ 1,2 mil, mas com tendência de queda.

(O jornalista viajou para Natal convidado pela Alares. Texto corrigido)

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