Em coletiva, GT de Ciência e Tecnologia da transição diz que governo Lula interromperá privatização da Ceitec

Em coletiva realizada na tarde desta quinta-feira, 8, integrantes do GT de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo de transição afirmaram que o governo Lula reverterá o processo de privatização da Ceitec.

Sergio Rezende, ex-ministro de Ciência e Tecnologia, disse que a empresa é a única que projeta e fabrica chips, que "estão em todos cartões de banco, telefones etc". ZSegundo a avaliação do ex-ministro, "a empresa foi implantada em 2010, foi credenciada em 2014, aumentou sua produção. Os governos e órgãos públicos não compraram chips da Ceitec, o que poderia ser feito pelo Banco do brasil, Caixa Econômica Federal (CEF), etc."

Rezende disse que ano passado a estatal teve um déficit de R$ 20 milhões. "E por isso, o governo resolveu liquidar a Ceitec. No momento, ela tem um liquidante. Felizmente, o MCTI segurou a Ceitec, e não desligou a fábrica. Ela tem uma sala limpa, que é exemplo para muitas empresas privadas", disse Rezende.

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Ele também disse que já há conversas com o Tribunal de Contas da União (TCU) para que o processo de privatização da estatal seja suspenso. "O TCU resolveu segurar esse processo. Já estamos fazendo gestão junto ao TCU para que ele o interrompa, e estamos propondo que o governo ano que vem reverta a privatização da Ceitec", disse Rezende.

O ex-ministro lembrou que a estatal já estava caminhando para a sua autonomia financeira, quando o atual governo tomou a decisão de privatizá-la.

Aloízio Mercadante, coordenador dos GTs da transição, disse que a Ceitec é chave para o Brasil entrar no mundo da tecnologia. "O mercado não resolve questões estratégicas. Por isso, a Ceitec é uma experiência indispensável para o desenvolvimento tecnológico do Brasil". Mercadante lembrou que a empresa já estava fazendo chips de rastreamento com qualidade, e que ela está em condições de ter um crescimento tecnológico que permitirá ao país inovar.

No final de 2020, o governo Bolsonaro decidiu dissolver o Ceitec por meio do Decreto nº 10.578, justamente quando o mundo enfrentava uma crise global de fornecimento de semicondutores. A justificativa foi o desempenho financeiro da estatal, que acumulava prejuízos, ainda que houvesse previsão de reequilíbrio das contas e uma aparente falta de investimentos e incentivos para a capacitação científica desde 2018. 

Análise

]Mas há ressalvas importantes: o Ceitec não é, nem está perto de se tornar, uma empresa capaz de produzir os semicondutores de ponta, abaixo de 10 nanômetros, utilizados em smartphones, por exemplo. Trata-se de uma tecnologia com uma cadeia muito mais complexa e tecnologia cujo desenvolvimen to leva décadas para ser obtida. A China, por exemplo, ainda não rivaliza com centros de ponta como os existentes em Taiwan e Coreia do Sul. A tecnologia do Ceitec está no limite de 180 nanômetros, longe da disputa com as principais potências, e é mais adequada para aplicações de menor complexibilidade (Análise de Samuel Possebon).

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