A Telecom Italia sofreu uma deterioração de cerca de 2 bilhões de euros na operação doméstica por conta de "teste de impairment", regra que exige que a companhia avalie periodicamente os ativos que geram resultados antes de contabilizá-los no balanço. O valor foi devido ao "contexto regulatório e competitivo e ao aumento das taxas de juros". Com esse impacto, o lucro líquido de 1,2 bilhão de euros na operação de janeiro a setembro se tornou em prejuízo de 0,8 bilhão de euros. A empresa afirma que isso não muda as prioridades estratégicas definidas para o plano do triênio e não considera as revisões que serão levadas à aprovação do conselho para promover a melhora do desempenho operacional e financeiro da companhia.
O problema é que o impacto poderia levar efeitos à relação já conturbada entre os acionistas Vivendi e a Elliot Management. A especulação da imprensa internacional é que o resultado fomentaria o afastamento de Amos Genish do cargo de CEO, algo que já vem sido objeto de rumores desde a entrada do fundo de investimentos como sócia.
O executivo comentou a questão durante a teleconferência de resultados nesta sexta-feira, 9, afirmando que é um assunto "sempre delicado". Porém, garante que a governança corporativa não deverá ser afetada. "A gestão está focada apenas na garantia dos negócios e no melhor resultado financeiro, ignorando ao máximo o barulho", declarou. Tentando também evitar se posicionar na briga de acionistas, Genish apenas reiterou que a continuidade da operação deve ser prioridade. "Só posso esperar que todos os membros do conselho e acionistas possam apoiar [a diretoria] para progredir os negócios", completou.
Dados financeiros
A receita do grupo Telecom Italia no acumulado de nove meses caiu 3,1% e totalizou 14,217 bilhões de euros. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBTIDA) foi de 6,030 bilhões de euros, uma queda de 2,9% no comparativo anual. A margem EBTIDA nos nove meses foi de 42,4%, aumento de 0,1 ponto percentual.
A companhia investiu 2,460 bilhões de euros no acumulado do ano, uma redução de 1,3 bilhão de euros comparado com igual período de 2017. O Capex para o Brasil no período foi 23,3% do total, ou 573 milhões de euros, contra 704 milhões de euros no ano anterior.
5G
Amos Genish destacou também o potencial da operação de 5G na Itália, após obter 80 MHz em 3,7 GHz e 200 MHz na faixa de 26 GHz (além de 10 MHz em 700 MHz) no leilão do regulador Autorità Garante della Concorrenza e del Mercato (AGCOM). O objetivo da companhia é de oferecer o acesso fixo na rede móvel (FWA) de forma complementar à oferta de FTTx em serviço atualmente. "Dada a geografia italiana, a tecnologia se encaixa para aumentar a penetração. E o espectro de 5G em 3.700 MHz é ideal para esse tipo de aplicação", declarou.
A operadora trabalha para o lançamento de "algumas cidades chave" até a metade de 2019, dependendo da disponibilização de terminais para o consumidor e de contratos com fornecedores entre junho e julho do próximo ano. "O lançamento nas maiores cidades da Itália será mais em 2020, quando houver mais disponibilidade e mais handsets", concluiu. Mencionou ainda que a implantação da nova rede de quinta geração será uma "oportunidade fantástica" para a subsidiária de infraestrutura de torres Inwit.
O total de investimentos da Telecom Italia em 5G foi de 2,399 bilhões de euros, dos quais 1,686 bilhão foram na faixa de 3,7 GHz; 680,2 milhões de euros em 700 MHz e 33 milhões de euros no espectro de 26 GHz.