A agência de avaliação Moody's rebaixou a nota de crédito da Telecom Italia para o que o mercado financeiro considera como "junk", ou seja, no "patamar especulativo". O motivo alegado pela agência na terça-feira, 8, foi a "falha da companhia em fortalecer seu balanço patrimonial", além do anúncio da saída do chairman e CEO Franco Bernabè na semana passada. Com isso, a Moody's coloca a controladora da TIM Brasil na perspectiva negativa. Assim, créditos pedidos pela companhia italiana poderão ficar mais caros, com maiores juros.
"A saída do CEO aumentou a incerteza relativa à habilidade da companhia em fortalecer seu balanço patrimonial suficientemente para mitigar a tendência de queda em suas receitas e EBITDA domésticos", disse em comunicado o vice-presidente sênior da Moody's e analista líder para a Telecom Italia, Carlos Winzer.
A Moody's acredita que uma melhora na qualidade do crédito da Telecom Italia "não mais parece provável", e que as opções que ainda estão disponíveis para fortalecer o crédito, sejam relacionadas ao planejamento de capital ou de operação, regulação, estratégia financeira e venda de ativos; "vão levar tempo para ser implementadas, mesmo se forem bem sucedidas". A agência ainda afirma que a incerteza e riscos atribuídos à companhia vão continuar até que um novo CEO mostre as opções, defina o que será feito e comece a implantar a nova estratégia.
A Moody's diz ainda que o desempenho da TIM Brasil não vai compensar as pressões domésticas, já que a operadora brasileira deverá enfrentar um fluxo de caixa mais limitado e crescimento desacelerado.
Relação com EBITDA
A agência cita ainda o desempenho "continuamente fraco" da economia italiana, com altas taxas de desemprego e efeitos regulatórios adversos, além de competitividade maior no mercado interno. "Sobretudo, o downgrade reflete a expectativa da Moody's de que receitas e EBITDA domésticos da Telecom Italia vão se deteriorar e que a companhia vai falhar em cumprir as metas de EBITDA domésticas e do grupo para 2013".
Como resultado, é esperado que a empresa reporte uma posição financeira de menos do que 27 bilhões de euros ao final do ano, além ter problemas em manter a relação de posição financeira líquida/EBITDA abaixo de 2x nos próximos 24 meses. Já a relação de dívida líquida ajustada com o EBTIDA pode aumentar para 3,2x, "sem previsão de melhora". A agência consideraria uma nota melhor caso a Telecom Italia conseguisse melhorar e manter essa relação para abaixo de 2,8x.
Notas cada vez mais baixas
Segundo informou a Moody's, as notas de crédito da Telecom Italia desceram de Baa3 para Ba1 e os ratings subordinados caíram de Ba2 para Ba3. É provável que a outra agência de ratings, a Standard and Poor's, rebaixe também a nota para junk, pois na segunda-feira, 7, a agência citou os mesmos motivos da Moody’s para colocar a companhia italiana em observação, com nota "BBB-/A-3" com perspectiva negativa. Em comunicado, a Standard and Poor's disse que "um rebaixamento para BB+ parece o cenário mais provável quando nós completarmos o CreditWatch (avaliação de crédito da empresa) até o final de novembro de 2013".
Apesar de considerar manter a nota BBB- caso a Telecom Italia consiga melhorar o perfil de crédito orgânico e inorgânico, com aumento de capital e disponibilidade de ativos para o mercado, a Standard and Poor's "não desconsidera" a possibilidade de rebaixar ainda mais a nota para BB, caso acredite que o perfil de crédito se deteriore e altere o acesso da empresa ao capital, afetando a liquidez.
Resposta
Em resposta ao rebaixamento da nota de crédito da agência Moody's, a Telecom Italia emitiu um comunicado ao mercado enfatizando a posição industrial e financeira do grupo com geração de fluxo de caixa de 32 bilhões de euros nos últimos cinco anos. Além disso, nesse mesmo período, o grupo destaca a redução da posição financeira líquida em 7,6 bilhões de euros e investimentos de 25 bilhões de euros nos países onde opera.
A companhia afirmou: "Há anos, a Telecom Italia persegue a abordagem prudente de gerenciamento de risco financeiro, mantendo a margem de liquidez ao menos igual à dívida com vencimento nos próximos 18/24 meses – no final de junho a margem líquida era de 12,8 bilhões (de euros) – e adotando documentação contratual para seu refinanciamento que não contém capital de repagamento configurado e nem cláusulas de aceleração relacionadas com notas".