Operadoras ainda não têm modelos de negócios para smart grids

Se por um lado um dos maiores desafios para as operadoras entrarem no mercado de smart grids é encontrar um modelo de negócios, as distribuidoras exigem das teles soluções mais eficazes para a disponibilidade de rede. Pouco conclusivo, o tema foi debate “Smart Grids: governos e iniciativa privada na racionalização de recursos através das tecnologias de informação e comunicação” nesta terça-feira, 9, no primeiro dia da Futurecom 2012, no Rio de Janeiro.

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É um mercado convidativo para o setor de telecomunicações. Segundo o secretário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Nelson Fujimoto, o investimento brasileiro ainda é insípido, com US$ 200 milhões no Brasil contra US$ 7 bilhões nos Estados Unidos e China. “Com o índice de crescimento do PIB, há uma tendência de maior investimento aqui e há uma avenida de oportunidade nesta área”, diz. Com duas resoluções que já endereçam as smart grids (a 408/12, que trata da micro e minigeração, e a 512, que implementa critérios para medidores digitais e obriga as distribuidoras a fornecer ao consumidor que pedir), a implantação da rede “precisa estar associada a um cronograma por um modelo de negócios que não temos ainda e alguns acham que a conta não fecha”.

Marco Antônio Delgado, da Abradee, lembra que há compartilhamento de infraestrutura entre os setores elétrico e de telecomunicações, representando uma oportunidade. Para ele, “90% da receita do compartilhamento são capturados para a morticidade tarifária, então isso é muito pesado e inibe esse tipo de negócio”, diz. Delgado também afirma que falta capacitação profissional, um dos maiores gargalos atualmente, com a falta de “capital humano com extrema especialização técnica”.

O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Paulo Gomes Castelo Branco, ressalta que a solução para as redes inteligentes está no próprio medidor eletrônico, além do armazenamento e microgeração eólica e fotovoltaica. Isso porque, segundo ele, as redes já são inteligentes. “O sistema elétrico brasileiro, de 250 kW para cima, já é um sistema inteligente, com toda a rede interligada, o que permite alimentar a região Nordeste com a geração no Sul”, exemplifica. Ele acredita que as operadoras de celulares podem entrar justamente na hora de chegar à ponta com capilaridade, entregando uma solução de comunicação “a custo muito menor”.

Esta opinião é compartilhada pelo gerente senior de desenvolvimento de negócios da Qualcomm, Marcelo Ceribelli. Para ele, é preciso olhar a parte do backhaul e backbone, onde é difícil chegar com a fibra. “Uma solução 3G é o par perfeito. Uma rede mesh é difícil para se manter e, quando joga para a rede de celular, utiliza toda a diminuição de custos, terceiriza a comunicação”, afirma.

Já o diretor geral da WKA (empresa fornecedora de soluções de integração), Aloísio Augusto de Carvalho, aponta para outro caminho: o de convergência de tecnologias. Para ele, utilizar somente a rede GPRS pode causar problemas de disponibilidade, afetadas ainda pelo roubo de baterias de medidores. “As operadoras não conseguem avançar tanto quanto as necessidades de empresas de energia elétrica, tem locais rurais onde elas não conseguem atender”, diz. Ele acredita que as distribuidoras deveriam investir em redes próprias, pois a solução seria de baixa velocidade e poderia ser compartilhada com a medição de água e saneamento básico também. “Proponho um fórum para abrir o protocolo de comunicações para as operadoras, pois hoje a capilaridade é essencial. Enquanto não houver convergência, teremos dificuldade para atender a área rural”.

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