Elliot critica fusão AT&T/Time Warner e sugere venda de ativos como a Sky Brasil

Após a entrada conturbada na Telecom Italia, o fundo Elliot chegou na AT&T também fazendo barulho. Embora tenha uma quantidade de ações suficiente apenas para uma participação minoritária (de US$ 3,2 bilhões), o fundo norte-americano do bilionário Paul Singer entregou à operadora nesta segunda, 9, uma carta criticando recentes decisões da empresa, incluindo a operação da fusão com a Time Warner (hoje WarnerMedia), e considerando como ativos para desinvestimento quaisquer operações do portfólio da tele que não estejam na estratégia de 5G – por exemplo, as subsidiárias na América Latina, como a Sky Brasil.

A aquisição da Time Warner por US$ 109 bilhões seria ainda uma incógnita, mas não há otimismo. O Elliot diz que, depois de quase 600 dias de ter encerrado a transação (isso desconsidera o imbróglio da empresa com a pendente autorização no Brasil), a operadora norte-americana ainda não "articulou uma estratégia clara e racional do porquê a AT&T precisa deter a Time Warner". O fundo abutre diz que ainda é cedo para dizer se é possível criar valor, mas que a esta altura já deveriam haver "manifestações de benefícios estratégicos claro".

O caso específico da DirecTV (controladora da Sky Brasil) também é alvo de críticas. A companhia ressalta que a transação de US$ 67 bilhões foi anunciada em 2014 com a justificativa de que a TV paga é "um negócio muito bom e durável", mas que esse mercado tem se deteriorado rapidamente. A companhia cita que vários ativos relacionados a operações de TV paga, como a Sky México e a unidade de negócios latino-americana, a Vrio (ou seja, a DirecTV e a Sky Brasil), são "franquias valiosas ainda que não sejam core". Para o fundo, qualquer ativo que não tenha uma estratégia clara para ser parte da AT&T deveria ser considerada como potencial venda, incluindo a DirecTV, as operações mexicanas, um "pedaço da rede fixa" e outros ativos. 

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Outra crítica foi à tentativa de fusão com a T-Mobile em março de 2011. Após a negativa do governo, a AT&T precisou pagar multa e ainda ceder para a T-Mobile a um acordo de roaming de sete anos, além espectro. 

O fundo Elliot considera que a diretoria atual é "responsável" por "problemas de operação e execução"; que o retorno aos acionistas foi "desapontador"; e que a AT&T está atualmente subvalorizada. Assim, alega que, com as estratégias sugeridas, a tele norte-americana poderia aumentar o valor por ação em 65%. Isso seria conseguido por meio do "plano de ativação", que considera um foco maior na estratégia de priorização de negócios, avaliação de ativos não-core e os possível desinvestimentos, e com o fim de novas fusões e aquisições. A priorização no caso é no roll out do 5G, tecnologia na qual o Elliot entende que a operadora pode ser líder. 

Resposta

Em comunicado emitido também nesta segunda-feira, a AT&T respondeu apenas que sugestões do fundo Elliot já estão sendo implantadas atualmente, e que a "execução focada" da estratégia é o melhor caminho para criação de valor de longo prazo aos acionistas. Mas também indicou que não concorda com vários pontos abordados, o que pode ser interpretado como uma resposta em relação às críticas sobre a aquisição da Time Warner. "Esta estratégia é guiada por um portfólio único de negócios valiosos que nós juntamos por meio de redes de comunicação e de mídia e entretenimento, e, como o Elliot aponta, a fundação para a criação de valor significativa", declara a empresa. "Acreditamos que crescer e investir nesses negócios é o melhor caminho em diante para nossa companhia e nossos acionistas."

1 COMENTÁRIO

  1. Quando falamos em convergência aceitamos implicitamente que qualquer fusão representa ganho de escala e/ou de escopo e, portanto, é lucrativa. A grande questão é: lucrativa pra quem? A convergência não é uma panacéia e muitas vezes quem ganha são acionistas com participações cruzadas e os boards e não necessariamente a empresa. O que Elliot "vulture" Fund está fazendo é colocar o dedo na ferida e desmitificar a tal convergência.

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