Um acordo entre Brasil e Japão foi aprovado na última terça-feira, 8, pelo Conselho Diretor da Anatel e assinado nesta quarta-feira, 9. A parceria entre os países diz respeito ao Open RAN, sigla para Open Radio Access Networks (redes abertas de acesso por rádio), termo que sintetiza o anseio pela mudança na essência do mercado redes de acesso, controlado atualmente por algumas fabricantes, e construção de um rádio agregando fornecedores diversos.
O acordo considera não só as oportunidades a serem aproveitadas, mas também os desafios a serem superados por Brasil e Japão, atualmente, no ambiente regulatório de telecomunicações ao lado do Ministério de Assuntos Internos e Comunicações do Japão.
Além da troca de informações sobre novas tecnologias relacionadas à expansão de OpenRAN no Japão e Brasil, o Memorando de Cooperação estabelece o compartilhamento de conhecimento sobre as vantagens e evolução do programa, incluindo-se tecnologia verde, promoção da inovação, implementação em áreas rurais e outros.
A cooperação entre o Brasil e um de seus principais parceiros na Ásia se estenderá também para promoção de Open RAN pela América Latina e em quaisquer atividades relacionadas em outros países ao redor do mundo que o promovam. Além disso, o Brasil terá o acesso necessário a bancos de ensaio, políticas de espectro e iniciativas conjuntas público-privadas para instauração efetiva do projeto.
Open RAN promete promover democratizar acesso à Internet
Dessa forma, será possível se aproximar cada vez mais do objetivo de democratizar partes da rede de telecomunicações a partir de novas alternativas de fornecedores, sem depender unicamente de grandes fabricantes de equipamentos de telecomunicações.
No Japão, a implementação tem sido liderado pela fornecedora NEC, uma das maiores defensoras da arquitetura de rede de acesso aberta. Não somente a diversificação da cadeia de fornecedores, a promessa é de que a Open RAN proporcione também economias.
Presidente da Anatel, Carlos Baigorri destacou a importância da abordagem. "O OpenRAN é uma oportunidade para a indústria brasileira", disse, explicando que a desagregação das redes permitirá a redução das barreiras à entrada de competidores. "O Brasil, por meio de parcerias, pode ser uma liderança regional do Open RAN", afirmou.
Em sua fala, o representante do Japão, Nomura Eigo, destacou a importância do 5G e do diálogo entre Japão e Brasil. "Desde o ano passado, muitos serviços foram lançados no Brasil e a rede 5G atualmente está em processo de expansão. O Japão e o Brasil vão continuar a dialogar e a cooperar em seminários de 5G e visitas a cada um dos países. Acabamos de assinar um memorando de entendimento e, da perspectiva do Japão, o Brasil tem sido um grande parceiro na expansão digital e construiu uma relação de cooperação conosco", declarou.
Também presente à solenidade, o diretor do Bureau de Padronização das Telecomunicações da União Internacional de Telecomunicações (UIT), Onoe Seizo, parabenizou Japão e Brasil pela organização do evento de hoje e destacou que a UIT está comprometida em alcançar excelência de conectividade universal e de transformação sustentável. "Ainda existem 2,7 bilhões de pessoas não conectadas, o que faz com que alcançar a conectividade universal seja um grande desafio", afirmou. Onoe Seizo ressaltou ainda, a importância das redes abertas para a redução dos custos da internet.
A assinatura do memorando entre Brasil e Japão ocorreu durante a abertura do Seminário Open Networks, realizado pela Anatel e pela Embaixada do Japão em Brasília. Também participaram da abertura do evento a secretária-executiva do Ministério das Comunicações, Sônia Faustino; o deputado Vitor Lippi, presidente da Frente Parlamentar Mista para o Desenvolvimento da Indústria Elétrica e Eletrônica; e o embaixador do Japão no Brasil, Hayashi Teiji. (Com informações adicionais da Anatel)