Teles e indústria temem espectro de banda média insuficiente para 5G

Foto: Pixabay.com

Um dos aspectos evidenciados pela consulta pública do MCTIC sobre a estratégia 5G brasileira foi o receio, entre operadoras e fornecedoras, de que a capacidade em banda média disponibilizada pela Anatel no leilão do ano que vem (sobretudo em 3,5 GHz) seja insuficiente para possibilitar um serviço com os melhores padrões de qualidade. Especialmente se o certame envolver as quatro grandes operadoras.

"As bandas intermediárias, entre 1-6 GHz, são extremamente importantes à grande maioria dos casos de uso e aplicações de mobilidade plena para o 5G. Há uma necessidade por operadora da ordem de 100 MHz para utilização plena dos recursos e potenciais do 5G", resumiu a Oi, em sua contribuição.

A mesma estimativa foi citada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e pela Nokia nos documentos enviados ao MCTIC, enquanto a Claro destacou que uma quantidade de espectro "suficiente" é fundamental para o sucesso da tecnologia. Já a Ericsson pediu o início imediato de estudos do 3,6-4,2 GHz pela Anatel, com leilão do 3,6-3,8 GHz até 2022.

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No formato defendido pela Anatel, o leilão do ano que vem licitará 300 MHz (3,3 GHz a 3,6 GHz) em capacidade na faixa de 3,5 GHz, considerada a mais importante do certame e envolta de questionamentos por conta da interferência nos sistemas de TV via satélite, que deve exigir alguma medida de mitigação por meio de política pública. A divisão dos 300 MHz está prevista em 3 blocos de 80 MHz nacionais e um bloco de 60 MHz. Caso não haja interessados no bloco de 60 MHz, ele seria "quebrado" em faixas de 20 MHz, que poderiam ser adquiridas pelas vencedoras dos blocos maiores (limitado justamente a 100 MHz por operadora). Neste caso, os canais resultantes seriam redistribuídos para formarem blocos contíguos.

Tal cenário indica que caso o quarto player do mercado móvel brasileiro – no caso a Oi – reúna condições financeiras para adquirir o bloco de 60 MHz no leilão, nenhuma outra operadora será imediatamente capaz de atingir os 100 MHz contíguos em banda médias considerados ideias para o 5G pela indústria.

Vale lembrar que 90 MHz em 2,3 GHz também devem ser leiloados ano que vem, adicionando mais capacidade em bandas médias; no entanto, a harmonização internacional do 3,3-4,2 GHz em cerca de 30 países ainda coloca o 3,5 GHz como escolha preferencial do setor.

Além disso, conforme sinalizado por executivos da Claro a este noticiário nesta semana, um cenário de espectro insuficiente para o 5G deve resultar na necessidade de um número ainda maior de estações radiobase (ERBs) para uma cobertura de qualidade. Segundo a Nokia, a chegada da quinta geração de redes no Brasil já deve exigir cerca de 180 mil ERBs ativas no País até 2025.

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