[Atualizada às 14h] O Governo do Estado de São Paulo anunciou na manhã desta sexta-feira, 9, que a Huawei abriria uma nova fábrica de aparelhos no Estado de São Paulo com investimento de US$ 800 milhões ao longo de três anos e de olho na tecnologia 5G. No entanto, a própria fornecedora fala apenas que "considera" investir no País, de acordo com o desempenho no mercado de smartphones brasileiro.
O anúncio original foi feito pelo governo paulista durante visita de comitiva do governador João Dória em Xangai, na China, e que teria acontecido com a presença do vice-presidente da Huawei Brasil, Steven Shen, e do diretor sênior de relações públicas e governamentais da companhia, Atilio Rulli. Não foram reveladas contrapartidas ou possíveis incentivos para a fornecedora chinesa, pelo menos de acordo com as informações divulgadas pelo Governo de SP.
Em comunicado enviado à imprensa, a Huawei apenas falou na possibilidade, mas não confirmou a informação da fábrica, tampouco a quantia investida. Confira o posicionamento:
A Huawei está no País há 21 anos, sempre presente na transformação digital do Brasil, do 2G até o 4.5G. E agora, na era do 5G, não será diferente. A empresa está animada com as oportunidades no cenário brasileiro e, conforme o desenvolvimento da performance da operação dos smartphones da Huawei no mercado local, considera instalar uma fábrica em São Paulo em um futuro próximo. Mais detalhes serão divulgados em momento oportuno.
Informações desencontradas
O governo tucano inicialmente anunciou que a Huawei desembolsaria um aporte de US$ 800 milhões que compreenderia um período de 2020 a 2022. A fábrica deveria servir tanto ao mercado doméstico como para exportação para a América do Sul, e seria o segundo investimento da chinesa no Estado: a empresa já tem uma fábrica em Sorocaba que emprega 2 mil funcionários diretos e 15 mil indiretos. A definição da cidade seria feita pela Huawei "nos próximos meses, dentro do polo de desenvolvimento tecnológico do Governo do Estado de São Paulo". A definição utilizaria critérios de logística, disponibilidade de mão de obra, condições técnicas de implantação do novo site e da nova fábrica.
A administração João Dória também fez outros anúncios atribuídos à chinesa. Um segundo investimento da Huawei, sem valor divulgado, seria feito no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) no mesmo triênio para tecnologia, inovação e o apoio à academia. E um terceiro, também sem montante definido, seria na área da educação (substituição de giz e quadro negro por computadores, tablets e smartphones), em um programa da Secretaria da Educação do governo. A Huawei Brasil não comentou essas iniciativas no posicionamento.
Dória afirma ainda que a reunião com os executivos da Huawei definiu um "programa do 5G", que traria a "perspectiva do uso" da tecnologia para telemedicina, educação e segurança pública "no âmbito do Estado, dos governos municipais, estaduais e federal". Para isso, o Governo do Estado diz que espera o leilão "dessa frequência" (na verdade, de um conjunto de porções de espectro para uso na tecnologia pelas operadoras) da Anatel em 2020. "Havendo o leilão, a Huawei terá condições (…) de ter a infraestrutura pronta e disponível no mercado em março de 2021", disse o governador, segundo o comunicado da própria administração, sem esclarecer se essa infraestrutura se trata das redes comerciais das operadoras ou da nova fábrica paulista.
A comitiva de Dória, chamada de "Missão China, é composta por um "grupo de empresários" e cinco secretários de Estados (Agricultura e Abastecimento, Desenvolvimento Econômico, Fazenda e Planejamento, Transportes Metropolitanos e Relações Internacionais). A iniciativa foi organizada pela agência de promoção de exportações e investimentos do Estado de São Paulo, o InvestSP, e tem como objetivo estimular geração de negócios e levar "oportunidades de investimentos" na unidade federativa. São 21 projetos disponíveis, sendo 16 de concessões e cinco de Parcerias Público Privadas, que totalizariam R$ 37,6 bilhões em receitas, segundo as contas do governo paulista. A missão tem "apoio e suporte financeiros" da AstraZeneca, Bank of Communications, Bank of China, CRRC, LinkLatters, Pinheiro Neto Advogados e PwC.