Os efeitos da pandemia do coronavírus continuaram a afetar a dinâmica do mercado de celular no Brasil em maio. Conforme dados da Anatel, o pós-pago voltou a mostrar queda, mas desta vez o pré-pago cresceu – algo que não acontecia desde fevereiro de 2016, quando ainda era responsável por mais de 71% da base.
Em comparação com abril, a redução do pós-pago foi de 0,35% (391,2 mil desconexões), enquanto o pré-pago observou aumento de 0,12% (136,5 mil adições líquidas). Com isso, o mix da base brasileira voltou a se distanciar, com 50,71% no pré-pago, um aumento de 0,12 ponto percentual e um total de 114,2 milhões de linhas.
O pós-pago ficou com os 49,29% restantes do mercado, totalizando 111,1 milhão de linhas. Uma ruptura na tendência de reversão do mix em favor do pós-pago já havia sido apresentada nos números de abril, o primeiro mês com total influência da covid-19.
Apesar do progresso do pré-pago, o total do mercado brasileiro de celular continuou a registrar queda. Foram 254,6 mil acessos a menos (recuo de 0,11%), totalizando 225,3 milhões de chips.
Grandes operadoras
Da última vez que o pré-pago apresentou crescimento, o mercado brasileiro era bem diferente. Em fevereiro de 2016, o 3G era a tecnologia dominante, com mais de 147 milhões de acessos. O 4G só contava com 30,2 milhões de linhas, atrás até do 2G, que já mostrava queda, mas ainda era mais do que o dobro (63,5 milhões) do LTE.
Agora, em maio de 2020, o 4G é a tecnologia absolutamente dominante, com 158,8 milhões de acessos, ainda um crescimento de 1,01% em relação a abril. Grande parte é atribuída ao avanço de 2,23% (828 mil adições líquidas) da Claro nesse mês.
Dessas adições da Claro, 624,3 mil de novos acessos foram com modelo pré-pago da operadora, um aumento de 3,10%. Ainda assim, e mesmo sem considerar a incorporação da Nextel no total, a Claro tem um mix de 51,6% para o pós-pago (com a Nextel, avança para 54%). Confira o market share de cada uma no gráfico abaixo.
No período, especificamente com a tecnologia 4G, Oi e TIM perderam acessos no pós-pago (17,7 mil e 55,9 mil, respectivamente). A queda também foi observada no 3G pós-pago, com mais de 40 mil desligamentos da Oi, e 54,2 mil desconexões na TIM.
Outras tecnologias
Nota-se que o 3G também apresentou queda acentuada em maio, com 1,3 milhão de desligamentos (queda de 3,25%), totalizando 38,1 milhões de chips. Novamente, a Claro mostrou a maior variação, desta vez negativa. Foram 871,1 mil desconexões apenas no mês, um recuo de 5,27%, mas que ainda não compromete a liderança da empresa no segmento. Todas as outras operadoras mostraram queda no período.
Por sua vez, os acessos 2G caíram mais 1,93% em maio, totalizando agora 28,5 milhões de chips. Por sua vez, os de máquina-a-máquina (incluindo maquinas de cartão) tiveram a base reduzida em 1,61%, somando 25,2 milhões de contratos.
Talvez nos próximos 5 anos vejamos o 2G morrer de vez visto que suas frequências podem ser usadas para refarming e reaproveitadas para ampliar a cobertura móvel em outros segmentos de tecnologia.
Eu apostaria que o 3G pode até morrer antes, pois a migração para o 4G é mais natural.