O Google anunciou nesta quarta-feira, 9, a construção do que afirma ser o cabo submarino mais longo do mundo a funcionar com alimentação de energia apenas em uma das pontas, o Firmina. O sistema, que reforçará o backbone da empresa, ligará os Estados Unidos (Costa Leste) à Argentina (Las Toninas), com landstations no Brasil (Praia Grande/SP) e no Uruguai (Punta del Este), com previsão de início das operações em 2023.
O cabo terá 12 pares de fibra óptica e funcionará com apenas uma fonte de energia em uma das pontas. Segundo o Google, isso garante confiabilidade, uma vez que não seriam necessários amplificadores a cada 100 km com novas fontes de energia de alta voltagem nas estações. A técnica também seria "mais difícil de fazer com cabos longos, com pares de fibra mais largos".
Ao conectar as Américas do Norte e do Sul, a gigante de tecnologia declara que esse design com apenas uma fonte de energia foi possível por meio de uma voltagem 20% maior (de 18 kV) para o cabo do que o utilizado em sistemas anteriores.
A companhia escolhida para conceber, construir e implementar o Firmina é a SubCom, que é também responsável pela tecnologia da energia em apenas uma ponta. A construção do cabo em si acontecerá na fábrica da empresa na cidade norte-americana de Newington, New Hampshire, ao longo deste ano até o começo de 2022. A montagem principal deverá acontecer em meados do ano que vem, com o sistema então pronto para serviço no final de 2023.
Nem o Google, nem a SubCom divulgaram valores do investimento, capacidade dos cabos ou mesmo a quilometragem esperada. Pelo mapa divulgado no site da fornecedora, é possível identificar que a conexão em Praia Grande e Punta del Este será por meio de ramificações do cabo principal, embora haja opções para conexões na República Dominicana (Santo Domingo), em Porto Rico (Levitown) e em Fortaleza.
De acordo com a empresa, o novo cabo deverá reforçar o backbone para ter acesso mais rápido e com menor latência a produtos como a ferramenta de buscas, Gmail, YouTube e serviços do Google Cloud. Este é o 16º cabo da companhia, que tem também no País sistemas como Tannat (com a Telxius/Telefónica), Monet (com Angola Cables, Antel e Algar Telecom) e Júnior (com PadTec). "Ao construir cabos submarinos próprios, o Google consegue se preparar com precisão para as necessidades de seus clientes e usuários em um futuro próximo, além de aumentar a segurança para mais do que está disponível publicamente na internet", diz em comunicado.
Origem
O nome do cabo é uma homenagem do Google à abolicionista e escritora brasileira Maria Firmina dos Reis, autora do livro Úrsula, que fala sobre a vida de brasileiros negros durante a escravidão. "Negra e intelectual, Firmina é considerada a primeira romancista do Brasil e é motivo de muito orgulho para nós aproveitar o novo cabo submarino como forma de chamar atenção para o trabalho e o espírito pioneiros dessa mulher", diz o vice-presidente de Global Networking do Google Cloud, Bikash Koley, em um post no blog da companhia.