Evidenciada pela diminuição da base de usuários GSM e aumento nos acessos 3G no último mês, a telefonia móvel tem mostrado uma mudança no perfil de consumo do usuário. Com isso, a densidade da banda larga móvel tende a crescer: em fevereiro, chegou a 33,3 acessos por cada grupo de cem habitantes, de acordo com dados divulgados pela Huawei nesta terça-feira, 9, em seu Balanço da Banda Larga. Isso se reflete também em um aumento na receita de dados das operadoras. A companhia chinesa afirma que em 2012 as teles brasileiras obtiveram receita líquida de R$ 13,3 bilhões somente com tráfego de dados, um crescimento de 28% na área.
A maior parte disso tem sido devido à conexão móvel propriamente dita, de acordo com a Huawei. A Telefônica/Vivo, por exemplo, teve 50% de sua receita líquida de dados com a banda larga móvel em 2012. O restante fica com SMS e MMS (34%) e "outros" (16%). O crescimento da receita líquida de dados e serviços de valor agregado (SVA) na Vivo no ano passado foi de 21,7%, enquanto na TIM chegou a 35,8%. Já os serviços de voz nas duas operadoras cresceram apenas 5,7% e 2,9%, respectivamente.
No total da receita da Vivo em serviços, o tráfego de dados representou 28,6% no quarto trimestre de 2012. Para efeito comparativo, a Huawei diz que nas operadoras japonesas NTT DoCoMo e Softbank essa proporção é de mais de 50%. Na América Latina, a Telecom Personal, da Argentina, foi o destaque ao atingir 43% de proporção no 4T12.
A tendência, no Brasil e no mundo, é estimulada pelo crescimento da venda de smartphones. "Celulares GSM ainda são os que mais vendem porque são mais baratos, mas estamos vendo um crescimento de smartphones 3G", afirma o presidente da Teleco, Eduardo Tude, que realizou o estudo encomendado pela Huawei. Ele destaca ainda o surgimento de mais aparelhos capazes de operar na frequência de 2,5 GHz para o LTE brasileiro – por enquanto, a Anatel já homologou oito smartphones.
Diferenças
Os acessos de banda larga móvel no Brasil já totalizam 82 milhões de conexões, segundo a Anatel em dados referentes a fevereiro. Esse número tem participação mais expressiva dos handsets, que somam 58,4 milhões de acessos. O market share da Claro é o maior, com 38,2%; seguida de TIM (19,4%); Vivo (18%); e Oi (12%). Segundo Tude, "a base está migrando (para o 3G) mais rápido; quase 40% da base da Claro é de usuários 3G". Ele acredita, entretanto, que as fórmulas de cálculo de acessos das operadoras são reajustadas de tempos em tempos, resultando em números que não refletem tanto a realidade. "Acho que a Oi não está contabilizando (corretamente), acho que eles têm mais aparelhos", diz. A razão seria justamente o cálculo. "No começo (de 2009 a 2010), a Claro estava contabilizando apenas pós-pago, por isso deu um salto no 3G", compara.