Governo precisa incentivar o FTTH, afirma Huawei

Apesar do crescimento mais modesto, a banda larga fixa foi um dos destaques do Balanço Huawei da Banda Larga, apresentado nesta terça, 9, em São Paulo. Para a companhia, a solução que deve ser adotada é uma só: fiber-to-the-home (FTTH), se possível com ajuda do governo para a implantação da fibra em residências. Isso porque, apesar da demanda atual ainda ser compatível com outras tecnologias como DOCSIS 3.0 e FTTC (fiber-to-the-curb), os acessos simultâneos acabarão por deixar mais evidente a necessidade por maior largura de banda, acima dos 100 Mbps.

Notícias relacionadas
O problema é que, para isso, os investimentos precisam ser mais avançados. Segundo o presidente da Teleco, Eduardo Tude, a Europa está com um programa agressivo para recuperar o tempo perdido com a instalação de infraestrutura ótica na região, que é considerada deficiente. Em comparação, citando um estudo do FTTH Council, seria necessário um investimento de 192 bilhões de euros para instalar fibra em todos os domicílios europeus, considerando que a região conta tipicamente com construções antigas, que dificultam o acesso. Com base nessa estimativa, Tude afirma que o valor para o Brasil seria de R$ 100 bilhões.

Além disso, outro desafio para a implementação do FTTH é o take-up rate, isto é, a quantidade de domicílios assinantes efetivos em relação à quantidade de homes-passed. Segundo o balanço da Huawei, essa taxa é mais alta nos Estados Unidos, com 42,3%; seguidos da Rússia, com 38,3%; e Europa, com 17,9%. No Brasil, o take-up rate é ainda menor. Considerando números da Telefônica/Vivo apenas, a proporção é de 10,77% (são 1,04 milhão de homes-passed e 112 mil acessos FTTH), o que representaria a taxa nacional – Tude considera os números da Oi e de provedores menores insipientes para o cálculo. "A Vivo está crescendo pouco (foram apenas cem mil novos acessos fixos de banda larga em 2012) porque está priorizando o FTTH", diz ele. Para termos de comparação, no ano passado a operação do grupo Embratel/Net cresceu 1,01 milhão de acessos de banda larga fixa (incluindo outras tecnologias, como xDSL); a Oi, 760 mil; e a GVT, 490 mil, segundo dados do Balanço Huawei.

Ajuda do governo

Assim, a Huawei dá bastante importância ao acesso mais facilitado à fibra no Brasil. O CTO e diretor latino-americano da empresa, José Augusto de Oliveira Neto, explica que políticas públicas poderiam ajudar. "É necessário que o governo passe a reconhecer que a fibra é a base da revolução tecnológica", afirma. Ele sugere leis que possam exigir espaço para infraestrutura de telecomunicações em construções. "Isso é feito atualmente, mas não é exigido. Se for feito com fibra, já facilitaria muito". Oliveira Neto lembra que nos EUA, mesmo com o maior take-up rate do mundo, há um programa para estimular a implementação da infraestrutura ótica.

O CTO afirma que a oferta de FTTH atual no Brasil existe justamente por conta da concorrência das companhias menores. "As incumbents estão sendo atacadas, por isso oferecem fibra. Mas isso já prejudica o take-up rate", explica.

Entretanto, as oportunidades no mercado existem em médio e longo prazo com o aumento da demanda de velocidade, além de uma demanda por IPTV. Isso fica evidenciado com o caso da operadora norte-americana Verizon, que observou a oferta de TV por fibra ter crescimento equivalente ao aumento da banda larga fixa com cabos óticos, chegando a 5,4 milhões de assinantes da FiOS Internet e 4,7 milhões da FiOS TV.

O grupo Net/Embratel vem crescendo, assumindo a primeira posição no mercado de banda larga fixa no País após ter o maior número de adições líquidas em 2012. Já a GVT empurra os provedores a oferecer cada vez mais velocidade: na base de assinantes da companhia, 80% possuem conexões acima de 10 Mbps, e a empresa já aumentou a velocidade mínima ofertada para 15 Mbps. Mas essas empresas ainda precisam de maior capilaridade.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!