O anunciado aumento de capital da Embratel, de US$ 700 milhões (R$ 1,93 bilhão pela cotação desta quarta-feira, 8) deve, teoricamente, ser muito positivo para a empresa e para a sua controladora, a Telmex. Mas provavelmente não o será para os acionistas minoritários, de acordo com alguns dos analistas especializados em telecomunicações ouvidos por TELETIME News. Isso, porque além da evidente diluição do capital dos investidores, parte dos recursos poderá ser utilizada não para reduzir dívidas e aumentar receitas, mas simplesmente para cobrir necessidade de gastos de manutenção dos satélites da companhia. Fora isso, há fortes indícios de que a Telmex, depois de adquirir a Net Serviços, em um negócio previsto para fevereiro de 2005, revenda a rede de cabo para a sua controlada Embratel por meio de um empréstimo-ponte.
Uso do dinheiro
O efeito positivo mais óbvio do aumento de capital diz respeito à redução da dívida da Embratel. ?O aumento de capital permitirá a melhora de sua estrutura de capital, conseqüentemente, reduzindo seu custo de captação no médio prazo?, diz o Banco Espírito Santo, em relatório emitido na terça, 7. Diferentes fontes acreditam que seriam utilizados, para isso, entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões ? o que equivale a liquidar uma parte substancial da dívida de curto prazo da companhia, atualmente em cerca de US$ 540 milhões. ?A Embratel deve elevar para mais de três vezes a relação entre EBITDA e despesa financeira líquida?, calculou outra fonte, depois de um encontro com dirigentes da companhia. Desse ponto de vista, o negócio é bom para os controladores e os minoritários.
Fora isso, é incerta a forma pela qual a Net vai ser incorporada à Embratel, depois que seu controlador, a Telmex, fechar o negócio calculado entre US$ 250 milhões e US$ 370 milhões. Há quem diga que o acerto (previsto para fevereiro) seria logo seguido pela venda à Embratel.
Pontos negativos
O argumento negativo imediato mais forte dos analistas sobre o aumento de capital da Embratel diz respeito à diluição e conseqüente perda de liquidez dos papéis da Embratel na Bolsa de Valores de São Paulo. Considerando os preços e a proporção atual entre ON e PN, o valor de mercado da companhia estaria em torno de R$ 3,23 bilhões ou US$ 1,174 bilhão. Nesse caso, o aumento de capital de US$ 700 milhões representaria pouco mais de 59,5% do valor de mercado. Para manter sua participação relativa, os minoritários deveriam desembolsar praticamente R$ 600,00 para cada R$ 1 mil investidos.
Na visão atual de alguns dos analistas mais atuantes, não vale. Porque a Embratel está perdendo market share no seu principal nicho, que é a longa distância, e não acompanha as concorrentes na banda larga nem na telefonia local. Para outros, a entrada na Net seria a chave para a expansão do ?negócio do futuro? do setor, que é a venda integrada de voz, Internet e vídeo.
Se a posição mais pessimista estiver correta, a perda de liquidez da Embratel na Bolsa será certa. Pois, se os investidores não acompanharem o aumento de capital, o volume de negócios cairá, diminuindo a participação relativa da empresa no índice.