Banda Ka é a melhor solução para massificar banda larga rural, propõe Nokia Siemens

A solução satelital de banda Ka é a melhor maneira de massificar a Internet na área rural brasileira. Essa foi a bandeira levantada por Mario Baumgarten, diretor de relações governamentais da Nokia-Siemens Networks, no painel de abertura do II Fórum Ibero-Americano para o Desenvolvimento da Banda Larga nesta terça-feira, 8.

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Segundo ele, ao insistir na tecnologia de 450 MHz como plataforma para a banda larga rural, o governo comete um grave erro, pois a solução não é viável financeiramente. “Há no País uma tendência natural de aplicar ao meio rural os paradigmas das comunicações móveis urbanas já existentes, o que não se sustenta pelo lado econômico”, diz. “O modelo de negócios da mobilidade foi desenvolvido para áreas urbanas que são densas, não para o campo”, acrescenta.

Segundo dados de 2010 do IBGE, a densidade populacional média em zonas urbanas no País é de 6,4 mil pessoas por quilômetro quadrado. No entanto, em áreas rurais, esse número cai drasticamente, para 3,51 pessoas. Ou seja, na proporção por quilômetro quadrado, para cada 1.850 pessoas nas cidades há somente um indivíduo nas zona rural. “É muita diferença, o investimento não se paga. Não adianta alegar que a tecnologia de 450 MHz cobre o dobro ou o triplo de raio em relação a outras plataformas móveis”, diz.

Baumgarten afirma que o uso da tecnologia de 450 MHz demandaria a instalação de aproximadamente 30 mil estações radiobase (ERBs). “Atualmente há 52 mil ERBs no País. Teríamos de construir quase um ‘segundo Brasil’ (em infraestrutura de rede móvel) para atender 1/6 da população”, compara.

Banda Ka

Por contar com uma faixa de 27 GHz a 40 GHz, a banda satelital Ka é direcional e seu sinal pode ser concentrado em células. “Com banda de aproximadamente 900 Mbps, cada célula abrange um raio de 250 a 500 quilômetros e seu sinal pode ser replicado”, diz.

Mario Baumgarten não representa nenhum fabricante de satélites, mas defende esta solução como a mais adequada às áreas rurais para que “os fabricantes (de infraestrutura móvel) não se vejam forçados a implantar uma plataforma que já se provou fracassada para este fim”. “Na Alemanha o 450 MHz para o campo não decolou. Posso citar mais uns quatro casos, nos quais inclusive trabalhei, onde essa tecnologia fracassou”, acrescenta.

América Latina

Segundo o executivo da Nokia-Siemens, a discussão sobre a banda Ka ainda é nova no Brasil, porém já há exemplos a seguir em outros países. Ele cita o serviço Tooway, ofertado por um consórcio de empresas a todos os países da Europa e norte da África. Por 29 euros mensais (US$ 41,37), o assinante tem direito a um link de 6 Mbps.

O executivo acredita que os países latino-americanos têm de fazer o mesmo. “Essa é uma prática adotada por grandes blocos de países com interesses e mercados comuns, visando promover mercados com maiores economias de escala e produtos mais econômicos, aderentes aos maiores projetos mundiais”, diz. “É importante para alavancar projetos cuja viabilização é facilitada por esforços comuns, como nas comunicações de banda larga rural. Por isso, o alinhamento do planejamento de recursos escassos, como o espectro, na América Latina não é apenas um desejo, é uma necessidade”, finaliza.

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