Estudo com nova metodologia indica que preço do pré-pago no Brasil não é o mais caro do mundo

Na tentativa de reverter a imagem de que o País tem o serviço de telecomunicações mais caro do mundo, o SindiTelebrasil contratou a consultoria Teleco para realizar um estudo dos preços efetivamente praticados pelas operadoras em 17 países, além do Brasil.

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O presidente-executivo do SindiTelebrasil, Eduardo Levy, explica que o estudo realizado anualmente pela UIT não leva em conta os preços efetivamente praticados, mas, sim, aqueles homologados pela Anatel, que são os preços máximos a que os serviços podem chegar. Para ele, é como os preços dos hotéis: o preço divulgado no balcão é muito maior do que os hóspedes efetivamente pagam quando realizam a reserva pela Internet ou através de agentes de viagem.

"Em nenhum momento podemos dizer que a UIT está errada, porque ela pegou os preços diretos dos balcões. Mas podemos dizer que o preço da UIT não representa a realidade", afirma ele. De fato, considerando que o brasileiro fala em média 133 minutos por mês no celular e o preço médio apontado pela UIT de US$ 0,74 para uma cesta de serviço, equivale dizer que o brasileiro gasta em média R$ 220, número evidentemente incompatível com a realidade de renda da grande maioria dos brasileiros.

Enquanto pelos dados da UIT, os serviços de telecomunicações representariam cerca de 30% do salário mínimo, o executivo mostrou dados do IBGE segundo os quais, independentemente da faixa de renda, o brasileiro gasta cerca de 1% da sua renda mensal com telecomunicações. Levy ainda observa que, de 2009 para cá, o que se viu foi a diminuição do preço do serviço e um aumento na renda da população, o que indica que o serviço telefônico consome ainda menos da renda do brasileiro.

O SindiTelebrasil, em parceria com a Anatel, já iniciou um trabalho junto à UIT para a mudança da metodologia usada pelo órgão. Além de utilizar os preços homologados pelos órgãos reguladores em todo mundo, a cesta de serviços considerada reflete muito mais o perfil de consumo da Europa do que de outros países. A cesta usada pela UIT, por exemplo, considera que 26% do tráfego são destinados a outras operadoras, quando no Brasil esse percentual é de apenas 5%.

"A Anatel está trabalhando com a UIT para modificar a metodologia, mas você há de convir que a UIT tem 190 países e as decisões são por consenso, então é muito difícil alterá-la", afirma ele.

Estudo

A consultoria Teleco, contratada pelo SindiTelebrasil, realizou então um estudo com os preços efetivamente praticados em 18 países, entre eles o Brasil, que representam 57% dos celulares do mundo. Foram consideradas três tipos de cestas de serviço: a utilizada pela UIT que considera 51 minutos de ligações, sendo 53,1% para a mesma operadora, 26,4% para outra operadora e 20,5% para fixo; uma cesta média que considera o perfil de tráfego médio dos 18 países analisados (100 minutos, sendo 70% para a mesma rede e 15% para outra operadora e 15% para fixo); e a "cesta Brasil", que considera o perfil de tráfego médio do brasileiro – também 100 minutos, sendo que 90% para a mesma operadora e 5% para outra operadora e 5% para fixo.

A conclusão do levantamento é de que o preço do minuto do celular dentro da cesta da UIT seria de US$ 0,24 e não US$ 0,74, como apontou o estudo da entidade. Assim, na comparação com os demais 17 países, o Brasil seria o oitavo mais caro deles. Mas, já que a cesta da UIT não é aderente ao perfil de tráfego do Brasil, na comparação do preço do minuto na cesta média (US$ 0,15), o Brasil seria o 11º mais caro. Ou seja, usando a cesta média o preço do Brasil estaria no meio da tabela.

Ao aplicar a cesta brasileira aos 18 países estudados, o Brasil seria o quarto mais barato atrás de China, Índia e Rússia. "Os resultados do estudo apresentados neste relatório mostram que o País ocupa uma posição intermediária na comparação dos preços de utilização do celular pré-pago no Brasil com o de outros 17 países; variando entre a 8ª, a 11ª e 15º colocação, dependendo da Cesta de Serviços utilizada", conclui o estudo.

Os países analisados foram: Brasil, Argentina, Chile, Peru, México, Colômbia, Itália, Espanha, França, Portugal, EUA, China, Índia, Rússia, Coréia do Sul, Austrália, Reino Unido e Japão.

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